É preciso Resgatar a Dignidade do Discurso Eleitoral !


Tendo recentemente completado o primeiro bimestre no comando da prefeitura de Diadema Taka Yamauchi além de ainda não ter conseguido iniciar o “resgate da dignidade” da cidade também precisará resgatar a dignidade do seu discurso de campanha que foi perdida após ele ter quebrado sua principal promessa eleitoral, qual seja, a de revogar a taxa de lixo.
A justificativa apresentada por Taka para ter quebrado sua principal promessa de campanha foi a alegação de que: “A gente sabe que a taxa do lixo é uma condição que está ligada à Constituição. Então revogar é uma renúncia de impostos”.
Porém o atual prefeito esqueceu-se de explicar à população que quando ele fez a promessa de revogar a taxa de lixo durante o período eleitoral, as normas constitucionais eram exatamente as mesmas de quando ele quebrou a promessa, ou seja, mesmo ele tendo conhecimento do obstáculo constitucional para a revogação da taxa de lixo ainda assim insistiu na mentira durante o período eleitoral porque ele também sabia que a maioria da população não possui conhecimentos básicos sobre legislação tributária e por isso muitas pessoas seriam facilmente enganadas por sua falsa promessa.
Evidentemente, Taka Yamauchi tinha conheciento de que sem realizar a falsa promessa não seria eleito prefeito e entre dizer a verdade e sofrer a terceira derrota seguida na disputa eleitoral ele preferiu praticar a velha tática política do estelionato eleitoral a qual sempre funciona com muita eficiência diante de eleitorados pouco esclarecidos.
Não obstante, outro fator decisivo para a quebra da principal promessa eleitoral é a situação caótica das finanças públicas municipais já que segundo estimativas da própria prefeitura a dívida do município se aproxima dos R$ 4,2 Bilhões e por isso o atual prefeito não tem o menor interesse em renunciar à taxa de lixo porque de acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura de Diadema, o governo municipal espera arrecadar por meio dela R$ 28,8 milhões ao longo do exercício de 2025.
A propósito, para a situação financeira do município de Diadema ter chegado a essa trágica condição a classe política local teve grande parcela de responsabilidade visto que nos últimos anos tivemos uma verdadeira farra de gastos liderada pelo ver. Orlando Vitoriano, no período em que ele presidiu o legislativo municipal durante o biênio 23-24. Pois em 2023 a Câmara de Diadema foi a que apresentou o maior aumento de gastos dentre todas as câmaras municipais do grande ABC (de acordo com dados do TCE-SP), além disso no final desse mesmo ano o ver. Orlando Vitoriano realizou uma manobra regimental ardilosa para incluir o projeto de aumento de 94% dos salários dos vereadores em regime de urgência na última sessão legislativa do ano de 2023 e dessa forma quando a população tomou conhecimento desta bomba-relógio por meio de alguns veículos de imprensa o estrago já estava consolidado.
E não satisfeito com o estrago que o aumento de 94% nos salários dos vereadores iria provocar nas contas públicas municipais a partir de 2025, Orlando Vitoriano na condição de presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Diadema apresentou no final de 2024 um projeto de lei que aumentou em 29,47% o subsídio do prefeito, em 53,8% o da vice-prefeita e em 70,88% os subsídios dos secretários municipais e além desses enormes aumentos salariais a proposta também acrescentou o direito ao 13º salário para prefeito, vice e secretários a partir de 01/01/2025. Diante desse descalabro, o saldo dessa farra a ser cobrado da população foi o acréscimo da ordem de R$ 2.200.176,55 e mais os encargos patronais na despesa do município com folha de pagamento ao longo do exercício de 2025.
E vale ressaltar que esse valor seria suficiente para, por exemplo, instalar seis restaurantes populares, nos moldes do que foi inaugurado em 2024 no Jardim Marilene, ao custo aproximado de R$ 350 mil cada aunidade, conforme divulgou a prefeitura na época em que o equipamento foi entregue.
Curiosamente, Taka Yamauchi que no discurso prega austeridade e corte de gastos para os serviços que são ofertados à população nunca se posicionou publicamente de forma contrária aos super aumentos salariais concedidos aos vereadores, à vice-prefeita, aos secretários municipais e a ele próprio, pois se tivesse uma real preocupação com a saúde financeira do município Taka poderia ter seguido o exemplo do prefeito de São Luís-MA Eduardo Braide (PSD) que ingressou recentemente no judiciário para derrubar o aumento do próprio salário. Todavia, os fatos têm demonstrado que ser coerente e cumprir promessas eleitorais não estão entre as virtudes de Taka.
Anderson Nunes é Economista, Especialista em Políticas Públicas e contribui eventualmente redigindo artigos para o Portal Olhar Dinâmico.