ENTREVISTA COM GABRIEL MATTOS
Por Eriberto Henrique
Dando seguimento à série de entrevistas na minha coluna, trago para vocês hoje, a entrevista que fiz com Gabriel Mattos, nascido em Sapucaia do Sul, e criado maior parte em Porto Alegre, é escritor e estudante de jornalismo. Amante de fotografia e apaixonado desde criança por histórias de terror e ficção, criou as suas próprias histórias ainda muito novo. Escreveu “O Poeta” seu primeiro livro quando tinha 16 anos, e desde então escreveu diversos contos de terror e horror, e publica eventualmente alguns em seu blog pessoal, “Oficina dos Horrores”, sob o pseudônimo de ―Dremonk Vannir‖.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- De onde veio a ideia do pseudônimo “Dremonk Vannir” ?
Gabriel Mattos
- Para dizer a verdade não sei muito bem. Eu simplesmente comecei a fazer adaptações de outros nomes, como existentes em jogos e outros livros, e saiu isso. Soou legal ao dizer em voz alta, então deixei assim mesmo.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 2-Você começou a escrever muito jovem, o que mais precisamente lhe levou a literatura?
Gabriel Mattos
- O que me chamou mais foi o fato de perceber que eu não dava certo para nenhum trabalho dito “normal”. Sempre tive um lado muito crítico e criativo, meio versátil, e a literatura ajudou com isso. Nunca se vê um escritor que é “especialista” em alguma coisa só, e se isso existe, provavelmente não deve ser um bom escritor.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 3-Cite o nome de um autor e porque?
Gabriel Mattos
- Edgar Allan Poe, pelo fato de que cada conto e poesia dele (se lidos atentamente) valem como meses de curso de escrita criativa, independente do seu gênero literário.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 4-Muitos leitores abominam a literatura nacional, qual a sua opinião sobre isso?
Gabriel Mattos
- Acho que isso é só mais um reflexo do nosso “complexo de vira-latas”. As pessoas acham que não existe nada de mágico, interessante ou legal na literatura brasileira, o que está errado. Agora, em contrapartida, existem muitos escritores nacionais (eu diria que a maioria) que são bastante incompetentes, tanto no trabalho de escrever quanto em vender seu peixe. Não sabem transformar essas banalidades que são comuns aos olhos da maioria em algo interessante, mesmo que possam ver fora do senso comum. Isso é uma coisa que muitos autores nacionais clássicos faziam.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 5-Como você enxerga o mercado editorial do Brasil?
Gabriel Mattos
- Se formos ver o mercado editorial como um todo, não está ruim (existem outros setores em situações muito piores). Agora, existe uma coisa que me incomoda muito que é pelo o que eu chamo de “comunidade literária”, que envolve autores, editoras, blogueiros, vlogueiros, e tudo que envolve a literatura. Esse grupo em sua maioria é composto de gente arrogante, recalcada e cínica. Esse é um dos motivos pelos quais me afastei um pouco desse meio, mas o principal é que hoje em dia eu foco muito mais na qualidade dos meus projetos literários. E gente tóxica não combina com trabalho bem feito.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 7-Editoras preferem publicar pessoas conhecidas na mídia, que tem milhões de seguidores na internet, você acredita que isso empobrece a literatura?
Gabriel Mattos
- Com certeza empobrece a literatura, mas acredito que ela já estava pobre há algum tempo. Mas precisamos entender que uma editora é uma empresa, e toda empresa para se manter sustentável necessita do lucro para se manter sustentável. Se tiver demanda de um produto, eles irão ofertar. Não são bobos. Se houver gente para comprar livros horríveis, que assim seja. Agora, eu só sugiro que ninguém se iluda pensando que isso irá abrir as portas para escritores “de verdade”, porque não vai. Muito provavelmente o futuro desses escritores esteja nas pequenas editoras e por auto-publicação.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 8-Muitas editoras e livrarias estão fechando no Brasil, qual sua opinião sobre isso, e como reagir a essa realidade?
Gabriel Mattos
- Tem muitas empresas fechando no Brasil, e não é exclusividade do meio literário. Isso tudo tem a ver com a burocracia estatal absurda e impostos pesados, além de uma cultura “anti-empresarial” que temos. E se a economia inteira de um país está em crise (principalmente um país que não valoriza leitura e alta cultura), qual será que vai ser uma das principais áreas afetadas? Mas acredito que existem algumas soluções para isso, mas não significa que todos sairão ganhando com isso. Se ocorrer a privatização dos Correios, ou pelo menos a descriminalização de outros serviços postais, é muito provável que a Amazon acabe criando um grande monopólio e quebrando outras grandes livrarias, que já estão com dívidas milionárias. E isso já está quase acontecendo com os Correios sendo o que são. Acredito que isso melhoraria o mercado literário brasileiro, o que não significa que todo mundo vá sair ganhando, a não ser que todo mundo se reinvente, o que é quase impossível com um cenário econômico como o nosso.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 9-O que é literatura para você?
Gabriel Mattos
- Literatura pra mim é uma das poucas coisas que pode mudar a vida das pessoas.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 10-Seu gênero preferido na escrita é o terror, tem algum outro gênero que você simpatiza?
Gabriel Mattos
- Gosto bastante de ficção científica, jornalismo literário, policial, além de livros mais teóricos, como sobre economia, política, psicologia, etc.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 11-O que sua família acho do fato de você ser escritor? Lhe apoiam ou acham uma tremenda loucura?
Gabriel Mattos
- Minha mãe apoiou a partir do momento em que viu que tinha potêncial, mas no começo só achava meio estranho. Minha família materna (que é imensa) acha quase uma anomalia, mas não me incomodo com isso. A maioria não leu mais que 5 livros durante toda a vida.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
- 12-O que diria para os seus leitores, e onde encontrar seus livros?
Gabriel Mattos
- Diria que o meu melhor ainda está por vir. Pretendo publicar novamente daqui há um bom tempo, quando meu trabalho estiver mais maduro, portanto peço um pouco de paciência. No entanto, podem encontrar meu livro no próprio site da editora, na Amazon, Submarino, etc. O nome é “O Poeta”.