FORA DO LAR
Por Eriberto HenriqueFORA DO LAR
Um copo de café morno,
Dentes escovados na pia suja de um banheiro fedido,
Um ponto batido com digital,
E lá se vai o porteiro pelas ruas de Santo Amaro.
Indo de Recife a Jaboatão,
Como um poeta escroto,
Com os olhos vermelhos de sono e de dor,
Camuflando sentimentos,
Atravessando a ruas coçando o saco,
Sem saco,
Bocejando,
Olhando para si mesmo pelo reflexo nas vidraças das lojas fechadas.
A vida lhe chama,
Prostituída e cansada,
Com as pernas peguentas e cruzadas, em frente a estação central.
Sem grana,
Ele olha os vendedores de pipoca e lembra,
Que não tem 50 centavos no bolso.
Que bosta de trabalhador!
Que no 7º dia útil do mês,
Não tem um centavo na carteira.
É nas noites que não pode dormir,
Que fica fora do lar,
Que ele mais precisa ser,
Poeta!
Eriberto Henrique.