FORA DO LAR

Por Eriberto Henrique
09/11/2018 17:34
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FORA DO LAR

 

Um copo de café morno,

Dentes escovados na pia suja de um banheiro fedido,

Um ponto batido com digital,

E lá se vai o porteiro pelas ruas de Santo Amaro.

Indo de Recife a Jaboatão,

Como um poeta escroto,

Com os olhos vermelhos de sono e de dor,

Camuflando sentimentos,

Atravessando a ruas coçando o saco,

Sem saco,

Bocejando,

Olhando para si mesmo pelo reflexo nas vidraças das lojas fechadas.

 

A vida lhe chama,

Prostituída e cansada,

Com as pernas peguentas e cruzadas, em frente a estação central.

Sem grana,

Ele olha os vendedores de pipoca e lembra,

Que não tem 50 centavos no bolso.

Que bosta de trabalhador!

Que no 7º dia útil do mês,

Não tem um centavo na carteira.

 

É nas noites que não pode dormir,

Que fica fora do lar,

Que ele mais precisa ser,

Poeta!

 

 Eriberto Henrique.

 

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