Para DESCOBRIR: #Profissões: Geógrafo e os seus desafios. Por Jeiane Costa
26/02/2019 19:34
O Blog Meio às Palavras concedeu a entrevista para o Portal Olhar Dinâmico, confira:
Olá pessoas queridas!
Hoje falaremos um pouco sobre a Geografia e seus desafios. Para essa entrevista, convidamos a profissional Ariane Costa, Graduada em Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e Mestra em Desenvolvimento Sócioespacial e regional pela (UEMA).
Blog: Qual é o perfil do estudante que quer cursar na universidade Geografia?
Ariane: O curso de Geografia proporciona dois segmentos: o primeiro, que ajuda o profissional a lecionar em escolas (ensino fundamental ao ensino médio), e o segundo, o Bacharelado, que o profissional poderá trabalhar na área do geoprocessamento, na elaboração de mapas que hoje é muito solicitado por empresas. Por exemplo, o dono de uma fazenda que precisa do mapa da área da fazenda, ele irá contratar o geógrafo para esse trabalho. Assim temos: Geografia Licenciatura e Geografia Bacharelado.
O perfil do aluno que deseja cursar geografia é uma pessoa que gosta de estudar sobre tudo. Por que a Geografia abarca muita coisa. Por exemplo: geografia humana que estuda sobre população, problemas sociais; geografia física investiga o porque acontece os terremotos, tsunamis, os solos, os rios; geografia rural e agrária que estuda os problemas do campo; geografia urbana que estuda os problemas das cidades, ou seja, a geografia estuda toda a ciência do Planeta Terra. Portanto, é um curso muito vasto e exige pessoas que gostam de ler e estudar diversos temas, pessoas curiosas e que se interessam pela pesquisa.
Blog: Qual é a durabilidade do curso?
Ariane: A graduação são quatro anos e o estudante pode optar pela licenciatura ou bacharelado. O estudante também pode optar em fazer o curso de licenciatura (quatro ano) e depois cursar o bacharelado (que com o aproveitamento de cadeiras, vai durar entorno mais dois anos). Então após seis anos (em média), o estudante poderá ter as duas habilitações na área.
Blog: Qual é a ementa do curso?
Ariane: Além dos que eu citei anteriormente, tem a Geografia econômica, Geografia política, geografia física, geografia humana, estuda-se também sobre os conflitos mundiais, climatologia, hidro geografia, biogeografia. Além disso, o aluno tem a oportunidade de aprender através das disciplinas filosofia e sociologia, o que contribui para o estudante que sai da universidade com um conhecimento muito vasto.
Blog: De todo esse conteúdo aprendido ao longo dos anos, qual foi o mais atraente para você?
Ariane: Durante a minha graduação eu trabalhei muito com pesquisa. Tive a oportunidade de trabalhar com iniciação cientifica praticamente durante toda a graduação. Eu estudei muito sobre geografia agrária, conflitos do campo, as politicas voltadas para esse desenvolvimento, os problemas sociais no campo. então eu me interesso muito por essa temática. É um assunto atual que as pessoas imaginam que não acontece mais. Por exemplo, conflito por terra. É um assunto que infelizmente ainda existe e é um problema muito sério por que ainda há pessoas que morrem por isso.
Blog: Qual é a importância da iniciação cientifica para o estudante?
Ariane: A universidade possui um tripé: pesquisa, ensino e extensão. Essa é a grande diferença entre a universidade e a faculdade. A pesquisa proporciona a investigação, possibilita a ampliação do horizonte do estudante que desenvolve o senso crítico. Auxilia e influencia o aluno também na ingressão para o Mestrado. Eu particularmente tive a experiência de apresentar meus trabalhos em congressos, visitei outros estados, conheci outras pesquisas. Através da pesquisa, você potencializa o processo de aprendizagem e amplia o conhecimento de modo mais eficaz. A pesquisa exige um perfil: é necessário paciência, disciplina e gostar dessa atividade por ela exigir muita leitura, saber ouvir críticas dos professores em relação aos trabalhos. Outro fator interessante, é que infelizmente existe uma porcentagem muito pequena de pessoas que se dedicam para essa área de pesquisa por que não há uma valorização. As renumerações (bolsas) possuem valores muito baixos e o aluno muitas das vezes precisa trabalhar para se sustentar, então percebe-se que ainda não dá para ter a pesquisa como trabalho integral aqui no Brasil. É preciso investimento nos laboratórios, na própria universidade que precisa investir mais nesse segmento, principalmente no Maranhão que ainda é muito amadora em comparação com outros lugares que recebe do governo o devido amparo financeiro. É possível observar ainda que os países desenvolvidos tem como principal foco as pesquisas. Nas universidades tem muitos estudantes dedicados na área da pesquisa cientifica e há um resultado positivo nesses lugares: descobertas de vacinas para combater doenças, remédios, tratamentos, etc são descobertos nesses países através desses cientistas que trabalham em várias áreas. No Brasil, no entanto, nota-se que ela ainda está engatinhando...
Blog: Quais são os desafios enfrentados na academia para o estudante de geografia?
Ariane: Geografia não se resume a teoria e leitura. Existe também cálculos na parte de estatísticas. Por exemplo, ao falar sobre população, é necessário falar os dados que automaticamente solicitam estatísticas. Então é preciso entender como essas pesquisas chegam aos resultados; matemática e cálculo; a disciplina de estatística é o calcanhar de Aquiles para muitas pessoas; a área de cartografia que trabalha com mapas, com escalas, como reduzir aquele mapa, etc; geologia é uma disciplina muito interessante, mas possui suas dificuldades. Outra dificuldade é a afinidade com o curso.
Blog: Quando o aluno se gradua em geografia, quais são as opções para o mestrado?
Ariane: No Maranhao, tem o Mestrado voltado para Geografia na UEMA (universidade estadual do maranhão) e é possível escolher varias áreas. Outra opção é em desenvolvimento socioespacial que é um Mestrado não voltado apenas para geógrafos. Nesse curso é possível encontrar profissionais de outros cursos. Tem mestrados na UFMA, não voltados para a geografia, mas é importante a capacitação profissional. O mestrado ajuda a polir o profissional. A duração do mestrado é de dois anos.
Blog: com o diploma do curso de Geografia em Licenciatura e mais o curso de mestrado em mãos, como é a atuação do professor em sala de aula aqui no Maranhão?
Ariane: Eu já tive algumas experiências no setor privado e atualmente no setor público. Ser professora hoje é muito desafiador por vários motivos: no setor privado há uma má remuneração e os professores são muito cobrados. Existe uma cobrança muito grande, mas em contra partida um salário muito baixo – em algumas escolas o salário é pago por hora de trabalho e o professor não é valorizado; no setor público existe problemas muito sérios: salas muito lotadas, a infraestrutura precária, as vezes não se tem o essencial para ministrar aula. Sobre isso, eu trabalhei numa escola do interior do estado e alí existia dificuldades muito maiores. Então, afastado da capital a escola tem poucos recursos, poucos ventiladores na sala, quadro de giz, um Datashow para toda escola (doze sala de aulas), então enquanto um professor utiliza o recurso, os outros precisarão exercer a criatividade, improvisar para passar o conteúdo da melhor maneira. É muito comum ouvir a orientação dos superiores “professor, use a criatividade”, como se o professor não fosse criativo. E isso compromete no resultado da aprendizagem dos alunos. Atualmente existe o IEMA que é uma escola padrão do governo. Então, a realidade é outra nessas escolas. esse lugar proporciona ao professor recursos para trabalhar muito bem. É muito bem equipado. A escola é com turno integral (manhã e tarde), tem disciplinas de área técnica e da base curricular. É servido lanches, almoço nos horários estabelecidos, cada sala tem ar condicionado, um Datashow, tem espaço de laboratórios para varias disciplinas onde os alunos podem experimentar e isso é muito bom por que a ministração dos conteúdos não ficam limitados e isso motiva tanto os alunos quanto os professores. Os alunos são selecionados então possuem uma postura de disciplina, são empenhados para aprender, não são apenas carregadores de livros e isso também influencia.
Blog: O mercado de trabalho para o geógrafo é vasto?
Ariane: Sim. Se o geógrafo for bem capacitado. Se ele de fato for competente em sua área, sim.
Blog: O geógrafo é valorizado?
Ariane: Eu não tenho essa experiência por não ter a graduação no ramo de bacharelado, contudo, eu tenho amigos que são graduados nesse segmento e estão muito bem.
Blog: Qual é a sua mensagem para aquelas pessoas que escolheram a geografia como a sua carreira?
Ariane: Saber que escolha hoje em dia para trabalhar em sala de aula não é fácil. As pessoas precisam estar cientes disso. Quando eu decidi fazer licenciatura eu não pensei nesses problemas de sala de aula citados anteriormente, mesmo estudando em escolas publicas, eu não tinha essa noção de que as escolas poderiam ser difíceis de trabalhar. Então é uma profissão muito desafiadora, não é para qualquer um, você precisa ter paciência, tolerância, gostar do que faz, precisa saber que é difícil mas que ao mesmo tempo é muito gratificante por que você faz parte da vida de outras pessoas, influencia essas pessoas de modo como outra profissão não terá esse privilegio. Por exemplo, um estudante que conclui o ensino médio, tem uma graduação e depois tem o sucesso na carreira que ele escolheu, a gente sabe que fez parte daquele sucesso dele, mesmo que seja pouco, mas a gente fez. É importante também, encaminhar os jovens, saber exercer a profissão, fazer o trabalho.É gratificante, vale a pena, mas você precisa gostar por que as vezes os obstáculos são grandes. Não é uma profissão que renumera tanto, mas se você for um bom profissional independente do curso que fizer, você será bem sucedido.
Agradecemos a entrevistada e esperamos que esse pequeno artigo possa ajudar a esclarecer sobre essa temática. Para maiores informações, deixamos aqui o e-mail da entrevistada:ariane16ma@hotmail.com. Se você gostou dessa postagem, deixe seu comentário abaixo. Até a próxima!
Abraço,
Jeiane Costa.
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