A NOSSA VIDA É UM CARNAVAL

A NOSSA VIDA É UM CARNAVAL

Por Eriberto Henrique

Vivemos em um país que tem mais de 500 anos de história, com problemas estruturais que existem desde 1.500. Discutir certas aberrações chega a ser cômico e absurdo, mas o povo deve debater sobre as suas feridas, e buscar soluções talvez, para os inúmeros tumores malignos e benignos presentes em sua estrutura nacional, na sua identidade patriótica, conhecedora ativa de sua história. O Brasil ainda é o novo mundo achado no meio do oceano, uma terra tomada por saqueadores, se estruturando aos poucos entre impostos e tributos.

Ainda estamos presos no século XIX, enchendo o peito por ser uma república, conquistada simplesmente porque o tom abolicionista do rei era algo imoral para nossa nação, tão rica e tão prostituída. O Brasil é um país doente, vegetando nos corredores dos seus hospitais, sem conseguir uma vaga na UTI.

O diagnóstico todos sabem, mas poucos se ariscam tocar no assunto, pois nós somos coniventes com a gangrena. É, somos coniventes sim, de geração em geração, que assisti a tudo de braços cruzados, como os romanos antes de Cristo, contentes com o pão e circo. Nosso câncer é moral! É a falta de humanidade, passada de pai para filho, de ignorante para ignorante, com bandeiras tremulando e cerveja derramando.

Somos uma nação escrota, que come a casca da própria ferida, que passa o dia presa ao passado, temendo o futuro e negligenciando o presente. Todos os dias nos vestimos de coitados, de vítimas, e por isso nunca temos responsabilidade com nada, nem para pegar a merda que nosso cachorro defeca na rua e jogar no lixo; furamos filas, passamos a perna em nossos parentes, não respeitamos nosso pais, nossos vizinhos, nem o motorista do ônibus que nos conduz até o trabalho, nos tratamos não como irmãos, mas como filhos da puta, coxinhas e mortadelas, debatendo as nossas ignorâncias em redes sociais, enquanto os péssimos administradores que elegemos, fazem acordos para continuarem ricos, seja no planalto ou nas celas especiais em cadeias de luxo, recebendo até a morte os nossos impostos.

Debaixo para cima, da esquerda para a direita, é tudo farinha do mesmo saco, tudo brasileiro, bobo, filho de capitão do mato com ama de leite. Todos um bando de escrotos, que basta mudar de condição social, que já levanta a cabeça e deixa de olhar para os pés.

É por isso que repito, que nosso câncer é moral, nasce de nossa falta de vergonha na cara, de nossa falta de humanidade, passada de pai para filho, de ignorante para ignorante, com bandeiras tremulando e cerveja derramando.

Como diria o poeta, a nossa vida é um carnaval!