Bruno Capinan lança "Real"
por Thiago Winner: poeta e escritor do livro "As regras simples da vida"Quarto álbum do cantor é produzido por ele e Mark Lawson do Arcade Fire e traz participações de Rubel, Mãeana e Lan lahn.
Bruno Capinan escolheu a imagem de um homem negro, nu em uma piscina para a capa do seu novo disco, "Real". Para ele, a foto feita pelo fotógrafo Canadense Lucas Murnaghan, representa o silêncio oco das horas, longe do mundo fabricado. Desta forma nasceu o álbum que foi produzido por Bruno e Mark Lawson (engenheiro de som da banda Arcade Fire) e tem participações de Rubel, Mãeana e Lan lahn.
Em doze faixas o baiano radicado no Canadá traz composições próprias e parcerias com Bem Gil, Ubunto, Domenico Lancellotti e com o francês Philippe Cohen Salal, executadas por uma banda de primeira grandeza. "Real" tem lançamento próximo dia 19 pelo selo Alá com a Altafonte.
Download de fotos em alta: https://drive.google.com/open?id=1A51YKBSduG6UzpquatCZPILtyhp4XDfR
Capa “Real” - Créditos: Lucas Murnaghan
Áudios e vídeos estarão disponíveis amanhã (19)
Por Bruno Capinan:
Um homem negro e nu, num espelho d’agua dum azul piscina. Submerso no silêncio oco das horas. Longe do mundo fabricado das fake news e suspenso pela mão da memória. “Real”, meu quarto disco de estúdio, poderia se encaixar como disco de um baiano-canadense inquieto, que não contente em ser influenciado pela história da música brasileira, quis trilhar novos caminhos para além mar.
Depois de focar nas minhas raízes afro-baianas em “Divina Graça”, senti o desejo de mergulhar no Brasil de agora, deixando visível o que considero ser o elo central com meu país de origem: a música. Posso afirmar que “Real” é meu trabalho mais confiante. Isso ficou evidente no primeiro dia de gravação, quando juntamente com os músicos e nossos instrumentos, me vi inteiramente dedicado ao imaginário da canção.
Refletindo sobre a invenção do real, escolhi a canção “Equívoco” como abre-alas. A desconstrução do homem equivocado fez-se necessária para chegar ao disco como um todo. “Equívoco” foi escrita em Itacaré na Bahia, com os pés no mar, em alta madrugada mirando as estrelas, e foi umas das primeiras dessa lavra. Em meio a barragens rompendo, museus em chamas, presidentes eleitos com reforço de algoritmos e a sensação de vulnerabilidade coletiva, quis propor uma dança à beira do precipício.
Se as distâncias oceânicas se estreitaram, foi com distanciamento que pude compor muitas das canções. Mudei de Toronto pra São Paulo em 2017, por conta da agenda de shows no Brasil, e fui ao Japão para duas turnês com o compositor Jun Miyake, com quem escrevi e gravei para o disco dele. Nos países que passei, em camarins e quartos de hotel, em silêncio, brotou o desejo de fazer um disco pop/mpbsista.
Gravado em Toronto, cidade que me acolheu há quase 17 anos, e com gravações adicionais em Montreal, Rio e Lisboa, “Real” teve o auxílio de músicos brasileiros e canadenses. Meu amigo e parceiro Bem Gil, que também participou do “Divina Graça”, gravou guitarra, flauta e pela primeira vez pilotou a bateria. Juntaram-se a nós Ubunto, Thomas Harres, João Leão, Ricardo Dias Gomes, Mãeana, Lan Lanh, Rubel, Basia Bulat, Zaynab Wilson, Mariel González, Tanya Charles, Bijan Sepanji, Alyssa Delbaere-Sawchuck e Graham Campbell.
Produzido por mim e Mark Lawson, “Real” foi mixado em analógico, em sessões regadas a chá e risos. Gravamos e mixamos 14 músicas. Canções minhas e algumas parcerias. Com Philippe Cohen Solal escrevi “Momento”, com Ubunto “Real Agora” e “Tropa”, Domenico Lancellotti enviou da Índia a letra de “Pessoa” e com Bem Gil escrevi “Love’s Will” já em estúdio. O poema “O Pajem” escrito pelo Português Mário de Sá-Carneiro em 1915, durante a Primeira Guerra, foi musicado na minha adolescência, ainda na Bahia.
Neste espelho d’agua que me vejo refletido, estou submerso e nu. Talvez tenha sido o reflexo que ansiou a canção. Talvez o medo de ser dominado por algoritmos e engolido pela epidemia da solidão das redes sociais. Vi o mundo ruir do “outro lado da Bahia”, superei a dor correndo “louco em direção ao mar” e me banhei num “rio de águas escaldantes” para aqui oferecer o meu eu forte e impetuoso diante das armadilhas dessa vida “Real” ou a da invenção, deixando assim registrado: “já sabemos a verdade”.
Boa audição, Capinan.
Foto: Marcela Boechat
Ficha Técnica:
Equívoco
(Bruno Capinan)
Escorpião
(Bruno Capinan)
Algoritmo ft. Lan Lanh
(Bruno Capinan)
Real Agora
(Bruno Capinan & Ubunto)
Momento
(Bruno Capinan & Philippe Cohen Solal)
Tão Perto
(Bruno Capinan)
Tropa
(Bruno Capinan & Ubunto)
Do Avesso ft. Mãeana
(Bruno Capinan)
Um Flerte Socialista
(Bruno Capinan)
Pessoa
(Bruno Capinan & Domenico Lancellotti)
Love’s Will ft. Rubel
(Bruno Capinan & Bem Gil)
O Pajem
(Bruno Capinan; sob poema de Mário de Sá-Carneiro)
Produzido por Bruno Capinan & Mark Lawson
Faixas 4 & 7, coproduzido por Ubunto
Mixado por Mark Lawson no Studio Sono B em Montreal
Masterizado por Ryan Morey no Grey Market Studios em Montreal, Canadá
Gravado entre Setembro de 2018 e Fevereiro de 2019, no Union Sound Company Studios em Toronto, Canadá
Engenheiro de som - Ian Gomes
Gravações adicionais no Estúdio Palco no Rio de Janeiro, Estúdio Playground no Rio de Janeiro e Sonda Studios em Lisboa, Portugal
Engenheiro de som ‘Estúdio Palco’ - Léo Moreira
Engenheiro de som ‘Playground’ - Junior Neves
Foto Capa: Lucas Murnaghan
Design gráfico: Michael Thayer
Fotos de encarte: Alexandre Maciel
Figurino: Daniel Thompson
Makeup: Victor Manoel
Data de lançamento: 19 de Julho de 2019
Formato: vinil, digital
Distribuição: Alá / Altafonte
Esse projeto contou com o patrocínio da ‘Canada Council for the Arts’ e ‘Toronto Arts Council’
Assessor de Imprensa André Cruz: (44) 9 9851 5516