Doutor em Letras avalia uso da palavra “despiora” pela Folha
"Questão a ser avaliada é qual foi a real intenção de quem usou essa palavra", diz professorNa manhã desta quarta-feira (9), discussões acaloradas foram levantadas nas redes sociais acerca de uma palavra usada pelo jornal Folha de S.Paulo. A palavra “despiora”, utilizada pelo veículo para evitar um termo mais positivo sobre a economia no Brasil, ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter durante todo o dia.
Em conversa com o Pleno.News, o doutor em letras Pablo Jamilk, explica e desmistifica o “mistério” em torno do vocábulo.
De acordo com o professor, a palavra “despiora” é uma forma conjugada do verbo “despiorar”, que tem o uso mais comum no português falado em Portugal, mas isso não significa que a palavra não exista.
A palavra existe, sendo dicionarizada somente no dicionário Priberam, com a definição da palavra despiorar: tornar ou ficar menos mau ou menos mal.
Essa palavra é formada pela colocação de um prefixo antes do termo piorar: (des + piorar). É possível entender que a palavra despiorar, não significa a mesma coisa que a palavra melhorar, despiorar significa parar de piorar, ou piorar um pouco menos.
Então, neste caso, a escolha lexical tenta enfatizar que algo está parando de piorar.
Segundo Pablo, quando se pensa que poderia ter sido usada a palavra melhorar em vez de despiorar, isso depende da intenção de quem escreveu o texto, mas é importante frisar que as duas palavras não são tão aproximadas em sentido.
O uso da palavra despiora não é errado. A questão a ser avaliada é qual foi a real intenção de quem usou essa palavra no texto publicado no jornal?
Por parecer “estranha” para a população, despiorar é um neologismo ou uma palavra muito antiga que caiu em desuso?
Por já estar registrada em um dicionário oficial, a palavra despiorar não é um neologismo. No registro, inclusive, consta que se trata de uma expressão de natureza informal, não comum para situações de alta formalidade. A derivação usada pelo jornalista, “despiora”, é formada por um processo legítimo de formação de palavras, mas ela sim pode ser vista como uma forma de neologismo.
O sr. citou o dicionário Priberam. No entanto, no Houaiss e no VOLP não há essa palavra. O que isso pode significar?
O fato de o Houaiss e o VOLP não registrarem essa palavra somente reforça que essa é uma palavra de uso mais corrente no português europeu, não sendo comum no Brasil.
Fonte: Pleno News