Uma Metáfora Involuntária
Por Eriberto Henrique
Tropeçando em passos displicentes,
Cruza as pontes,
Atravessa as ruas,
Abraçado com sonhos que são como fantasmas,
Nessa cidade obsoleta,
Com suas marquises caindo nas calçadas.
Minh’alma está quieta, mas ansiosa!
Tentando esquecer as imagens,
Os gráficos,
As estatísticas,
E os versos que gaveta que já não são mais de gaveta,
Talvez nunca foram,
Talvez tudo seja uma metáfora involuntária,
Parada na esquina,
Como uma meretriz juvenil.
Enfim,
A única alternativa será seguir em frente,
Como se já não fizéssemos isso sempre,
Como se persistir não fosse a única alternativa,
A única perspectiva,
A cada alvorada silenciosa.
Enquanto os poetas vivem falando de dor,
De amor,
E de sonhos.
Enquanto os poetas vivem abraçados com fantasias,
Utopias desmembradas,
Enganando a solidão com sentimentos,
E fingimentos.
Enganando sua fome,
Sua sede,
E sua razão,
Com palavras sussurradas são pé do ouvido.
Eriberto Henrique.