Para DESCOBRIR: # GASTRONOMIA MARANHENSE: Influência negra. Por Jeiane Costa*

23/05/2018 20:03
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O Blog Meio às Palavras concedeu esse artigo para o Portal Olhar Dinâmico, confira:

 

Olá pessoas queridas!

O Estado do Maranhão possui uma das culinárias mais ricas em sabores, aromas, cores e em sua história. Esse resultado é reflexo da gastronomia brasileira que, entre outros fatores, é a consequência da fusão aculturada de hábitos alimentares de diferentes grupos como o índio, o negro, o português, o francês, os árabes e os nordestinos. 
Diante dessa originalidade, convidamos você conhecer um pouco mais sobre a gastronomia maranhense com a influência negra.

 
 
 


Sobre uma das razões pelo qual motivou a vinda dos negros para o Maranhão, Burity (2014) afirma que:

A convivência pacífica entre brancos e índios logo deu lugar às relações de opressor e oprimido, nas quais o português, sempre com seu interesse comercial, iniciou o processo de escravização do índio brasileiro. Muitos dos silvícolas não resistiram às formas de coibição branca, cedendo à cultura diferente da sua, aceitando passivamente a situação de subordinado ao branco, mesmo em seu próprio território. Para os “rebeldes” havia castigos que iam desde a fome até a execução, para “servir de exemplo aos demais”, evitando (temporariamente) a revolta gentia. Sem a mão de obra nativa para cuidar das lavouras, segurança pública ou realizar qualquer tipo de atividade braçal, os maranhenses aderem á importação de mão de obra negra, o que se mostrou um negócio bem rentável, para todas as partes envolvidas.

 Sob esse aspecto, Lima (2006, p. 124) afirma que é preciso que se diga que não foram só os brancos portugueses e brasileiros que escravizaram os africanos. Os próprios reis e sobas, chefes de tribos praticaram razias por todo o interior da África para capturar seus irmãos, oferece-los e vende-los a quem quisesse comprar.
 
 
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Os negros chegam ao Maranhão na metade do século XVIII com a criação da Companhia do Comércio, no apogeu da atividade agrícola para trabalharem nas lavouras de algodão, arroz e, posteriormente a cana-de-açúcar.


Dentre os povos afros que chegaram ao território maranhense, muitos já teriam uma função predeterminada seguindo suas habilidades e força física. De acordo com Barreto (1977) eram basicamente povos: sudaneses, (nagôs- iorubas), jejes (daomeanos) e fanti-achanti;Islamizados: hauçás, tapas, mandingas, fulatas e Bantos: angolas, congos, moçambiques, cabindas.
 

 

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Apesar da forte opressão, os negros conseguiram preservar costumes de sua terra natal, como as crenças, a dança, a música e a culinária. A influência Africana foi marcante no desenvolvimento da gastronomia maranhense de forma que está fortemente enraizada na culinária do estado.

 

A cozinha negra apesar de pequena, era forte. Fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau. 
 

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A alimentação dos negros escravos, de acordo com Lima (2012) era feita à base de arroz, farinha de mandioca e, de quando em quando, uma posta de carne.


Para os Maranhenses, foi inserido no cotidiano as comidas de santo, oferecidas aos orixás, aos eguns e ao público em geral. Eram comidas como o caruru, o abobó, o acaçá, a pipoca, o mingau de fubá, o cuxá.  Ao contrário do que acontece em outros terreiros, onde os alimentos ritualísticos são “comidos” pelo santo, ou seja, colocados no comé até se estragarem, na Casa das Minas esses pratos são servidos tão somente aos membros do grupo – os santos -, que os recebem e os purificam para o uso de todos.


 

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Os negros deixaram como legado para a gastronomia maranhense o uso da pimenta, da folha de bananeira em volta dos pratos como a moqueca (peixe envolto em folhas de bananeira e assado ao calor das ), que também é prato de origem indígena, mas também usado em Angola. A papa de arroz ou de milho, o acaçá, o caruru – uma mistura de quiabo, camarão e castanha de caju.

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Abraço, 
                                                                                                                        
 
                                                                                                                           Jeiane Costa.

e-mail: jeianecosta.novel@outlook.com

Instagram: meioaspalavras
Twitter: https://twitter.com/Meioaspalavras

 

www.meioaspalavras.blogspot.com.br

 

 
 
Créditos especiais:
CARVALHO, João Renôr Ferreira de. Ação e presença dos portugueses na Costa Norte do Brasil no século XVII – a guerra do maranhão. Teresina: EDUFPI, e Ethos Editora, 2014.
CAVALCANTI, Pedro. A pátria nas panelas: historias e receitas da cozinha brasileira. São Paulo: ed. Senac São Paulo, 2007
LIMA, Zelinda Machado de Castro. Pecados da gula: comeres e beberes das gentes do Maranhão. 2 ed. Amp. – São Luis: instituto Geia, 2012
GASTRONOMIA MARANHENSE: influências geográficas e étnico-culturais. Amanda Sousa Silva Orientadora: Profª. Ms. Marilene Sabino Bezerra.
Ilustração: Jeiane Costa
Imagem 1 e 3- Disponível em:<http://historiahoje.com/comida-de-escravo/>.acesso 20 maio 2018
imagem 2 - Diponivel em:<http://terreirodegriots.blogspot.com.br/2014/10/de-onde-vieram-os-africanos_6.html> acesso em 20 maio 2018
Imagem 4 - disponível wm: <https://quindimdeiaia.wordpress.com/page/2/>. acesso em 20 maio 2018
 
 
*Jeiane Costa: Brasileira, nascida em 28 de março de 1991, descobriu o amor às palavras ainda criança. Desde adolescente escrevia textos com pequenas narrativas apenas para diversão da família e amigos. Paralelo a isso, sempre buscou se expressar através da arte com desenhos que retratassem o ser humano e o meio no qual está inserido. Sempre almejou tornar-se romancista. Atualmente, colabora com o Portal Olhar Dinâmico através do projeto “Sobre o amor” onde apresenta contos e ilustrações que tratam à temática. Sonha em alcançar leitores adultos que ainda possuem no coração o romance juvenil.
 
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