O TIRO PODE SER UMA FARSA, MAS NOSSA BALA PERDIDA É VERDADEIRA

Por Eriberto Henrique
16/07/2024 15:32
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Após o atentado contra o ex-presidente dos Estados Unidos, diversas pessoas no Brasil resolveram criar memes e posts nas redes sociais, uns mostrando solidariedade sem nem ao menos conhecer a pessoa, tentando fazer comparações tristes com acontecimentos locais, enquanto outros também fazem críticas e comparações, questionando se o atentado foi forjado. Talvez tenha sido. E se foi, tudo bem, mas por que nos preocuparmos com isso quando em nosso país, pessoas são baleadas em assaltos, crianças sofrem abusos, livros são descartados e criminosos são soltos em audiências de custódia? Quando caminho pelas ruas de Recife-PE, me deparo com diversas situações de abuso que são simplesmente ignoradas, enquanto perfis no Instagram estão ocupados em defender ou criticar alguém nos Estados Unidos. Mas que tal criticarmos nossos vereadores, prefeitos, deputados, senadores e até mesmo nosso próprio comportamento? Que tal assumirmos a responsabilidade pela quantidade de lixo nas ruas, rios poluídos, enchentes, queimadas, fezes de animais nas calçadas, furtos diários cometidos por criminosos que são presos e soltos repetidas vezes? Que tal nos responsabilizarmos por não ensinar ética e respeito para as futuras gerações? Que tal respeitarmos o próximo e entender que por muito tempo fomos um povo primitivo, preso a tradições e culturas atrasadas?

Se o atentado aconteceu ou não, isso não muda em nada a nossa realidade. Essa coisa de ficar o tempo todo respirando política asfixia. No fundo, ninguém está certo, todos nós somos culpados na história do nosso país, por omissão por apoiar pessoas não comprometidas como o bem maior, por não educar nossos filhos com ética e respeito, por não se preocupar com o próximo, por olhar apenas pela nossa ótica, e ignorar muitas realidades de pessoas que passam fome, que não tem direito a dignidade e são mantidas sobre cabresto vivendo de esmolas coletadas em impostos, pessoas que se encontram perdidas da ignorância, sem incentivo à leitura, sem capacidade de refletir sobre suas ações e responsabilidades. O tiro na orelha dele pode ter sido uma farsa, mas a bala perdida que atinge uma criança na favela, que sair do cano do tráfico é da polícia, tem a digital todos os brasileiros. Fica a reflexão, separados nunca seremos mais fortes, apenas bandeiras hasteadas no horizonte da utopia.

 

Eriberto Henrique 

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