Entrevista com Cláudia Brino e Vieira Vivo
Por Eriberto Henrique
ENTREVISTA COM CLÁUDIA BRINO E VIEIRA VIVO
Dando seguimento a mais uma entrevista, trago para vocês a entrevista que fiz com essas duas pessoas maravilhosas, que o destino me fez parceiro deles, na labuta literária, com muito prazer apresento a vocês os criadores do grande projeto e editora artesanal, Costelas Felinas.
Cláudia Brino – Poeta. Fundadora, editora e diagramadora da Costelas Felinas (livros artesanais). Fundadora e coordenadora do grupo literário Clube de Poetas do Litoral.
Coeditora da revista poética Cabeça Ativa. Vários livros lançados
Vieira Vivo:- Poeta, letrista, co-editor e encadernador da Ed. Costelas Felinas e editor da Revista Temática Cabeça Ativa. Membro, nos anos 80, do Grupo Picaré e atual membro do Clube de Poetas do Litoral - CPL e da IWA - International Writers Association.
Vamos a entrevista!
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
1-Cláudia e Vieira, de onde veio o nome Costelas Felinas?
Cláudia: Costelas Felinas era o título de um livro meu que nunca foi editado. A história era apenas de gatos e a capa era o raio x de minhas costelas. Daí o nome da editora artesanal.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
2-De quem foi a ideia de criar esse projeto e por quê?
Cláudia: O projeto foi criação minha e surgiu pela decepção que tive com a edição de meu primeiro livro feito por uma editora de São Paulo, em 1995. Após isso pensei em desistir ou aprender a encadernar meus próprios trabalhos. Decidi pela segunda opção e assim, em 1998, surgiu o primeiro livro da Costelas Felinas, FRAGS de minha autoria.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
3-Vocês são uma benção para literatura, por tudo que fazem, o que motiva vocês a seguirem nesse caminho?
Vieira: O que nos motiva é o próprio caminho alternativo de agregação de pessoas criativas construindo uma nova órbita fora dos meios convencionais.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
4-Qual o maior desafio da Costelas Felinas?
Cláudia: Com certeza é criar projetos especiais com o material todo artesanal que temos. Isso nos deixa com determinadas limitações. Só temos ferramentas manuais: linha, agulha, prensa... Escapam apenas a impressora doméstica e o computador.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
5-Qual o maior obstáculo da literatura nacional?
Vieira: Sempre será o número restrito de leitores num cenário pulverizado e com atuação segmentada. Os gêneros e subgêneros diluem a curiosidade nata dos restritos leitores e os faz consumir o que é ditado pelas vitrines de livrarias de shoppings ou de bairros nobres.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
6-Vocês são uma editora artesanal. Como editora como enxergam o mercado editorial?
Vieira: O mercado editorial tem a sua estrutura empresarial e corporativa adequada aos seus interesses e dentro desse quadro vem se adaptando e conquistando expansão. Mas existe um abismo enorme entre quem produz e quem edita.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
7-O que é melhor, escrever ou editar livros?
Cláudia: Ah! rapaz, os dois são bons, cada um no seu contexto, o ato de escrever é algo pessoal que partilhamos com leitores, agora o editar livros, poxa vida... Estamos trabalhando com o sonho das pessoas, então o carinho que a gente envolve em cada criação é muito gostoso, não tem preço.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
8-Qual o autor nacional preferido de vocês, ou os autores?
Cláudia: Lucio Cardoso e Clarice Lispector são meus tesouros da prosa. Poesia uma porrada de autores.
Vieira: Gosto de Caio Fernando Abreu, Luis Carlos Maciel, Darci Ribeiro, uma gama variada de autores, agora em poesia não tem como citar uns e deixar outros de fora. Porém gosto de poemas que me tiram do chão.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
9-Qual o principal objetivo da Revista Cabeça Ativa?
Vieira: Agregar poetas de todas as épocas e estilos dentro de um mesmo tema. Além de ser um importante material informativo, também seleciona e publica poetas contemporâneos e marginais inéditos fazendo com que a poesia não fique sectária e, também, se movimente entre a moçada.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
10-Na opinião de vocês o que o escritor iniciante, que faz livro artesanal precisa, para conseguir leitores?
Cláudia: com certeza marcar seu nome. Não adianta investir e não agitar sua arte, sua escrita. Participar de grupos, concursos, saraus e por aí vai... Repetição do nome sempre.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
11-O Brasil ainda vai se tornar um país de leitores? O que precisa mudar?
Vieira: Precisa voltar a ter leitura em voz alta nas classes do ensino fundamental. Um aluno lendo em voz alta e os outros acompanhando o texto com revezamento de leitores. E isso desde os seis anos de idade, pelo menos duas vezes por semana. Menos brincadeiras e mais leitura, mas com prazer, como algo bem divertido e envolvente.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
12-Qual a maior satisfação que já tiveram nesses tantos anos produzindo livros artesanais?
Cláudia: Com toda certeza, no topo da lista, as amizades que fizemos com os autores. Isso é para o resto da vida. Pois cada pessoa/autor que entra em contato conosco é tratado de igual para igual. Não somos uma empresa falando com um cliente. É autor com autor em um bate papo legal.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
13-Se fosse um livro qual seria o título?
Cláudia: Mil e umas noites
Vieira: Espalha-brasas
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
14-O que tem a dizer para todos aqueles que acompanham o trabalho de vocês e aqueles que estão sabendo dele agora?
Cláudia: ...que temos um prazer imenso em conhecer as ideias de cada um e de poder vestir esses sonhos, transformando-os em rebentos literários ou didáticos.
Vieira: A nossa maior alegria é ver as pessoas movimentando seu trabalho. Tudo faz parte da caminhada e nós contribuímos com nosso projeto artesanal para que a literatura alternativa apareça e possa mostrar a sua cara.