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O Estado do Maranhão possui uma das culinárias mais ricas em sabores, aromas, cores e em sua história. Esse resultado é reflexo da gastronomia brasileira que, entre outros fatores, é a consequência da fusão aculturada de hábitos alimentares de diferentes grupos como o índio, o negro, o português, o francês, os árabes e os nordestinos.
Diante dessa originalidade, convidamos você conhecer um pouco mais sobre a gastronomia maranhense com a influência francesa.
Confira!
Atualmente, a influência francesa na gastronomia maranhense gera discussão entre pesquisadores e historiadores. Do ponto de vista militar, historiadores defendem que os portugueses precederam os franceses na chegada ao litoral da Costa Norte desde 1535 quando aconteceu o desastre com a esquadra financiada por João de Barros e Aires da Cunha, os primeiros donatários beneficiados com as doações de Dom João III.
Para Carvalho, (2014) era notória a presença de franceses na Costa Norte do Brasil nos fins do século XVI e início do século XVII. Segundo ele, a frota francesa saiu do porto de Cancale em 19 de março e aportaram no litoral do Maranhão no dia 26 de junho de 1612, onde ancoraram os três navios da frota na pequena Ilha, a qual deram o nome de Ilha de Santa Ana, em frente da Ilha Grande, chamada pelos nativos de UPAON-AÇU.
Apesar de conseguirem chegar à Ilha Grande, sua tentativa de conquista da área foi frustrada, pois no ano de 1615 os franceses acabaram sendo expulsos no Maranhão pelos portugueses. Os franceses saíram sem abdicar pela apropriação de um pedaço de terra na América do Sul, alvo que conseguiram fixando-se na Guiana, fronteira com o Brasil.
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Do ponto de vista gastronômico, no entanto, seu feito foi glorioso, pois, apesar da breve permanência na Ilha Grande, os franceses documentaram detalhadamente sua expedição. Segundo Cavalcanti (2007), “enquanto estiveram por aqui, comeram do bom e do melhor, explorando com método, gosto e uma maravilhosa ausência de preconceitos os recursos culinários da região. (...) não perdoaram sequer o sapo-cururu. ‘sua carne é incrivelmente branca e de bom paladar’ – anotou o frade d’Abville –‘vi muitos Fidalgos comerem-na com grande apetite’”.
Entre os anos 1780 e 1820, a Capitania do Maranhão experimentou uma posição ímpar no cenário econômico brasileiro. Jerônimo Viveiro afirmou que a riqueza trouxe uma elevação cultural e consequentemente modificações da sociedade maranhense.
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Segundo Lacroix, de imediato, houve uma reação às ideias advindas do movimento revolucionário francês. Em seguida, adquiriu-se o modelo de ensino francês, os costumes patriarcais da Província foram se modificando, o vestuário se transformou, adquiriu-se palavras francesas ao vocabulário, etc.
Toda essa influência abrangeu a culinária. Sobre esse aspecto, Lacroix afirma que o pesquisador João Lisboa comparou as antigas barracas de toldos de lona, fornecedoras de alimentos suculentos e abundantes, como costeletas, lombinho de porco, torta de camarão, peixe guisado e escabeche, com uma triste e solitária barraca instalada no largo dos Remédios, atendendo à
Nossa progressiva e refinada civilização que baniu esses focos de indigestão e borracheiras, e não sofre mais do que doces leves e delicados, as queijadas, os bolinhos de amor, os pães-de-ló de macaxeira, canudinhos, capelinhas, rebuçados, melindres e suspiros. A que todo o mundo se atira...(LISBOA, op. Cit., p. 289)
Lacroix ainda descreve que no cotidiano comumente usava-se bandejas de prata ou de faience o xerez para servir, o madeira, o champanhe de ouro ou de purpura, tócai, o lagrima cristi, a ambrosia, as capelas, trouxas de ovos, o leite creme, hatchis oriental à monte Cristo, os sorvetes gelados do Ocidente, o néctar dos deuses. Nada faltava nos casarões e era servido com a graça, presteza e ordem, ditadas pelas boas maneiras europeias.
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Logo, acredita-se que as influencias que a gastronomia maranhense sofreu dos franceses foi de maneira indireta, apenas uma consequência do desejo dos maranhenses em manter viva essa singularidade, cultivando a ideia de que o Estado do Maranhão foi fundado e não invadido pelos franceses ao contrario do que relata a historia das outras cidades brasileiras.
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Abraço,
Jeiane Costa.
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Créditos especiais:
CARVALHO, João Renôr Ferreira de. Ação e presença dos portugueses na Costa Norte do Brasil no século XVII – a guerra do maranhão. Teresina: EDUFPI, e Ethos Editora, 2014.
CAVALCANTI, Pedro. A pátria nas panelas: historias e receitas da cozinha brasileira. São Paulo: ed. Senac São Paulo, 2007
LIMA, Zelinda Machado de Castro. Pecados da gula: comeres e beberes das gentes do Maranhão. 2 ed. Amp. – São Luis: instituto Geia, 2012
GASTRONOMIA MARANHENSE: influências geográficas e étnico-culturais. Amanda Sousa Silva Orientadora: Profª. Ms. Marilene Sabino Bezerra.
LACROIX,Maria de Lourdes Lauande. A Fundação Francesa de São Luis e seus mitos.
Ilustrações: Jeiane Costa
*Jeiane Costa: Brasileira, nascida em 28 de março de 1991, descobriu o amor às palavras ainda criança. Desde adolescente escrevia textos com pequenas narrativas apenas para diversão da família e amigos. Paralelo a isso, sempre buscou se expressar através da arte com desenhos que retratassem o ser humano e o meio no qual está inserido. Sempre almejou tornar-se romancista. Atualmente, colabora com o Portal Olhar Dinâmico através do projeto “Sobre o amor” onde apresenta contos e ilustrações que tratam à temática. Sonha em alcançar leitores adultos que ainda possuem no coração o romance juvenil