Design sem rótulos: Pricila Nogueira rompe padrões e defende espaços verdadeiramente acessíveis
No Abril Azul, a luta por acessibilidade ganha novas cores com o olhar sensível e disruptivo de uma designer autista.

A designer de interiores Pricila Nogueira tem feito do design uma ferramenta de transformação real. Autista, mulher, empreendedora e dona de um olhar apurado para o que não é dito, ela se recusa a seguir fórmulas prontas. Sua proposta vai além da estética: ela quer ambientes vivos, humanos, sensoriais — e, principalmente, acessíveis para todos.
“Meu objetivo é criar espaços que façam as pessoas se sentirem acolhidas, em um ambiente que atenda às suas demandas sensoriais e funcionais”, afirma.
Longe da ideia de que design de interiores é luxo para poucos, Pricila vem mostrando que inclusão e funcionalidade podem — e devem — caminhar juntas. Seus projetos consideram estímulos visuais, táteis e auditivos. Da iluminação ao silêncio necessário em certos cômodos, tudo é pensado para gerar bem-estar. E o diferencial está na escuta: ela ouve o cliente com profundidade, e lê o ambiente como poucos conseguem.
“Tenho uma sensibilidade maior para identificar detalhes que podem passar despercebidos por outros profissionais. Isso me ajuda a pensar em soluções que melhoram a experiência de uso dos espaços”, explica.
Com presença ativa em feiras e rodas de conversa, Pricila esteve recentemente na Expo Revestir, em São Paulo, um dos eventos mais relevantes do setor. Lá, reforçou a importância de ambientes que respeitam a diversidade sensorial das pessoas — um assunto ainda pouco discutido, mas urgente. “A acessibilidade não pode ser apenas uma preocupação arquitetônica, mas também uma experiência sensorial”, defende.
Mais do que criar ambientes bonitos, Pricila quer provocar mudanças no próprio mercado. O design, para ela, precisa deixar de ser território restrito. Por isso, atua também com mentorias e incentiva outros profissionais e empreendedores a adotarem uma visão mais inclusiva, conectada com a vida real. Um dos seus diferenciais é o trabalho voltado para o mercado pet, com projetos que respeitam tanto os animais quanto seus tutores.
“É importante que os ambientes que criamos sejam funcionais para todos, independentemente de suas condições. O design pode transformar vidas quando consideramos as diversas realidades das pessoas”, conclui.
Pricila Nogueira é o tipo de profissional que não se encaixa — e é exatamente por isso que transforma.