Você sabe o que são PANCS?
Embora exista muita confusão quando se fala em PANCS a explicação é muito simples, são as Plantas Alimentícias não convencionais.PANCS - Plantas Alimentícias Não Convencionais, são plantas com potencial alimentício que foram substituídas e caíram em desuso pela população ou não são consumidas por falta de informação e são chamadas de mato ou ervas daninhas. Não são comercializadas em mercados, mas sim encontradas em quintais e terrenos abandonados e até em rachaduras de calçadas.
As PANCS podem ser inseridas na alimentação humana, por meio do consumo de raízes, tubérculos, bulbos, rizomas, ramos, folhas, brotos, flores, frutos, sementes, resinas, goma, óleos e gorduras comestíveis.
Muitas plantas não convencionais, como a serralha, a beldroega, o picão e o caruru, são de fato espontâneas e nascem sem que ninguém precise plantá-las. Isso é só uma pequena parte das plantas que podemos consumir. Incluem-se nessa lista variedades de plantas cultivadas, que não são espontâneas, como verduras asiáticas, hortaliças africanas e legumes europeus e ainda partes de plantas convencionais que normalmente não são aproveitadas como a semente da jaca, o caule do mamoeiro ou a casca da banana.
No mundo existem 12.575 espécies de vegetais comestíveis catalogados no entanto apenas 12 espécies responsáveis por representar 80% dos alimentos consumidos no planeta.
As PANC’s apesar de pouco conhecidas podem representar um pouco da história e cultura de cada região como por exemplo a alimentação indígena ou o Festival do Ora-pro-nobis de Sabará – MG.
O Brasil possui uma rica BIODIVERSIDADE representando de 15 a 20% das espécies vegetais do planeta, temos cerca de 3.000 espécies de PANC’S, porem com poucos estudos e pouco conhecidas.
A literatura sobre as propriedades nutricionais das PANCS e seu cultivo ainda permanece escassa. Todavia, percebe-se um crescente interesse de pesquisa por universidades nacionais, que vêm intensificando os estudos com PANCS principalmente por meio de teses e dissertações, reconhecendo o valor ambiental, nutricional, social e econômico dessas plantas. Com base nas propriedades nutricionais encontradas, especialmente ações antioxidante e antiinflamatórias, é possível inferir que as PANCS possuem um grande potencial nutricional e econômico, mas ainda são necessárias mais pesquisas para confirmação dos resultados, fornecendo maior respaldo científico para essas propriedades e, ainda, para melhor esclarecimento acerca dos possíveis cuidados com cultivo e consumo, devido à formação de Metabólicos secundários, os quais podem ser fatores anti-nutricionais ou substâncias com potencial tóxico e alergênico.
A maior parte das informações sobre as PANCS vem de culturas passadas e da sabedoria ancestral, hoje existe muita busca por esses conhecimentos que se perdeu ao longo dos anos e foi negligenciado por muitos que com o advento dos grandes mercados que oferecem uma gama pequena de vegetais (levando se em conta a quantidade existente e não explorada), mas que facilita o acesso aos convencionais deixaram de lado certos alimentos que eram consumidos no passado e que não são oferecidos por não serem comercialmente interessantes.
Por tanto podemos concluir que a desnutrição muitas vezes não se dá somente por falta de recursos financeiros, mas também pela falta de conhecimento em reconhecer uma planta com potencial nutricional grande e que muitas vezes brota no quintal de casa de graça e não é usada na alimentação.
É muito importante ter o conhecimento para identificar uma planta alimentícia e não se enganar consumindo uma planta errada que pode ser tóxica.
Não é porque reconhecemos uma planta alimentícia que podemos coletar e consumir, não se deve consumir plantas coletadas em calçadas na rua, pois podem estar contaminadas por algum produto tóxico ou algum patógeno vindo de fezes ou urina de animais, o que pode ser feito é coletar sementes dessa planta ou muda para ser reproduzida em uma hora ou vaso em sua casa e depois sim consumir com segurança.
Outro ponto a se destacar é que cada alimento tem um modo de preparo e algumas plantas não devem, por exemplo, ser consumidas cruas por conter alguma substancia que necessite passar por algum processo de cozimento para ser eliminada como é o caso do oxalato (ácido oxálico) contido nas folhas de taioba ou até mesmo no espinafre.
As PANCS estão por toda a parte e também deveriam estar presentes em nosso prato, e para isso vamos a toda semana colocar uma PANC aqui no Portal destacando suas qualidades e modo de usa-la e assim fazer com que se tornem conhecidas e enriqueçam nossa alimentação.
Nossa PANC de hoje é a Ora-pro-nóbis, conhecida também por carne de pobre; Groselha da América; Esporão de galo.
Trepadeira com folhas suculentas na forma de ponta de lança. Apresenta espinhos que lembram acúleos nos ramos verdes (lembrando uma roseira) que mais tarde modificam-se e ganham a forma de espinhos no caule mais lignificado (lenhoso).
As flores são brancas e seus frutos são muito saborosos, a aparência lembra um butiá. Suas folhas possuem cerca de 25% de proteína, das quais 85% são digestíveis. Isto é um alto valor se comparado a outros vegetais como o espinafre, que tem um teor de 2,2% de proteínas.
Em Minas Gerais é muito comum na culinária regional.
TORTA SALGADA COM ORA-PRO-NOBIS
Ingredientes:
4 ovos inteiros
1 xícara (chá) de óleo.
2 xícaras (chá) de leite
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1\2 xícara (chá) de cebola picada
1 colher (sopa) de fermento em pó
1 xícara (chá) de folhas de ora-pro-nóbis picadas
2 xícaras (chá) de queijo fresco ralado
2 latas de sardinha
Orégano e sal a gosto
Modo de Preparo:
Bater todos os ingredientes no liquidificador ( exceto o ora-pro-nobis, o queijo e a sardinha).
Unte uma forma com óleo, coloque a metade da massa, o ora-pro-nobis, o queijo e orégano por cima.
Cubra com o restante da massa.
Bata um ovo inteiro e passe por cima da massa pincelando, Assar em forno médio.
Lembrando que essa receita é só um exemplo, pois o ora-pro-nobis pode ser consumido de varias maneira como refogado, cozido com frango e carnes e no preparo de pães.
Sérgio Foguel