O novo espetáculo da economia criativa: mágicos brasileiros transformam arte milenar em negócio de impacto
De teatros lotados à Netflix e competições internacionais, ilusionistas do Brasil mostram que a mágica vai muito além do entretenimento, é também empreendedorismo, mercado e inovação artística.

Num país onde a criatividade pulsa em diferentes formas de expressão, uma arte milenar vem ganhando novos contornos e conquistando espaços além do palco: a mágica. Ilusionistas brasileiros estão movimentando não apenas plateias, mas também a economia criativa, com espetáculos autorais, cursos, prêmios internacionais e produções no streaming. Mais do que artistas, eles se firmam como empreendedores da emoção — e têm levado a mágica brasileira a patamares inéditos.
É o caso de Lucas Toledo, do Rio de Janeiro, que une mágica e dramaturgia em espetáculos que abordam saúde mental, traumas de infância e inseguranças. Ator formado pela CAL, fundou o Curso de Mágica da instituição, já passou por produções da Disney+ e se prepara para estreias na Netflix. “Uso a mágica para falar sobre o que dói. Isso também é empreendedorismo: criar impacto afetivo no outro”, define.
Outro nome de peso é Everton Machado, de Ponta Porã (MS), que venceu recentemente o Campeonato Latino-Americano de Ilusionismo (Flasoma 2025) com um número que mistura mágica, teatro e artes plásticas. Agora, ele representa o Brasil no FISM, o maior torneio mundial do setor. “Transformei a mágica em uma performance cênica com base no caos criativo. É arte, é mercado e é resistência cultural”, diz.
Já o carioca Bernardo Sedlacek é presença confirmada na nova série de David Blaine, “Do Not Attempt”, do National Geographic, exibida no Disney+ e Hulu. Referência mundial em cartomagia, é consultor e guia do ilusionista americano em experiências no Brasil. “A mágica é uma linguagem universal. Quando bem executada, vira um produto exportável”, comenta.
Uma indústria que vai além do truque
Dados do Sebrae e do Observatório da Economia Criativa apontam que os setores culturais e criativos respondem por 2,61% do PIB brasileiro. Embora ainda pouco estudado isoladamente, o mercado da mágica cresce em eventos corporativos, formações profissionais, séries de TV e conteúdos digitais — e começa a ser visto também como ferramenta educacional, terapêutica e de branding.
A presença brasileira em circuitos internacionais e plataformas de streaming demonstra que a mágica ultrapassou o status de “arte de nicho”. Ela se reinventa com narrativas, estética e tecnologia, tornando-se uma poderosa ferramenta de comunicação e conexão. “Quando a mágica é feita com propósito, ela vira um ato de cura”, diz Lucas.
O futuro está nos bastidores
Todos os três artistas apostam em formação, inovação e profissionalização da mágica no Brasil. Além de atuar, eles escrevem, dirigem, produzem, formam alunos e internacionalizam suas trajetórias. Seja em teatros lotados, séries globais ou grandes palcos internacionais, mostram que o ilusionismo é; também estratégia, negócio e paixão.
Num país que luta diariamente para valorizar suas expressões culturais, a mágica se firma como arte, sim — mas também como projeto de vida, carreira sólida e contribuição concreta para a economia criativa brasileira.