Escritor Thiago Winner entrevista o diretor/roteirista Cristiano Calegari do filme "Bia (2.0)"
1. Como surgiu a idéia de fazer o filme “Bia (2.0)”?
Esse filme tem muitas inspirações na realidade, e em pessoas próximas a mim. Em 2015, eu e o outro diretor, Lucas Zampieri, fizemos parte de uma trupe de palhaços voluntários. Então já no final de 2016, pensei em transformar essa experiência que tivemos em uma história a partir do ponto de vista da Bia, que teria passado por uma desilusão amorosa, e consegue superar essa fase e seguir seus sonhos a partir da ajuda dos amigos e da trupe de palhaços.
2. Quais foram as dificuldades para gravar o filme?
Ah, são muitas... Fazer cinema no Brasil não é pra qualquer um. Em vários momentos, sinto que outros no meu lugar teriam desistido. Durante o processo, tivemos que trocar pessoas importantes da equipe a menos de um mês das filmagens; tinham sócios saindo da produtora; e uma das principais locações, que era uma floricultura, fechou duas semanas antes de gravarmos. Mas conseguimos outra em cima da hora. Enfim, aqui citei apenas alguns exemplos, mas a lista é longa.
3. E como foi o processo seletivo para escolher as pessoas para cada um ser uma personagem?
Foi bem diferente pra cada personagem. Mas acredito que o casting é uma das maiores forças do filme, se não for a maior. Tenho muito orgulho dos atores e atrizes que escolhi. Por exemplo, a Naty já foi escrita para a Ana Murari, e a Dona Laura para a Jáli Kiárit - eu já conhecia as duas. Para os protagonistas Bia e Dan, cogitamos alguns nomes, e acabei convidando a Maju Souza e o Ghilherme Lobo, respectivamente, após assistir seus trabalhos anteriores. Não foram necessários testes; inclusive, eles se conheceram um dia antes de começarmos a rodar o filme. O Olivetti Herrera já era meu amigo, e sabia que ele se encaixaria perfeitamente no Miguel Mendes. Só realizamos testes para três personagens, onde encontramos a Gabriela Yagui, o Leonardo Silva e o Júlio Silvério.
4. Quanto tempo levou para que o filme fosse todo gravado, editado e pronto pra ser lançado?
Foi um projeto rápido, se comparado a outros longas de ficção nacionais. A gravação durou cerca de quinze dias (em janeiro desse ano). Aí fomos para a pós-produção, que terminou pra valer só em agosto. E agora em setembro acabamos de fazer nossa estreia na Mostra Livre de Cinema.
5. Por que e por qual motivo o filme tem esse nome?
O nome representa a transformação da Bia em uma nova versão de si mesma, e simboliza a idade com que ela termina o filme: 20 anos.
6. Qual público o filme é voltado? Tem uma classificação etária?
Público infanto-juvenil, portanto a partir de 12 anos.
7. Você já foi roteirista/diretor de outro filme antes? Se sim qual?
Já, só de curtas-metragens. O que foi fundamental para ganhar experiência e participar de dezenas de festivais. Também já trabalhei numa série de TV chamada "Buscando Buskers", do Edu Felistoque. O "Bia (2.0)" é o Longa de estreia, tanto meu, quanto do outro diretor Lucas Zampieri, quanto da outra roteirista Silvia Seles.
8. Quando o “Bia (2.0)” estará nos cinemas?
Em Dezembro, teremos mais informações sobre isso em breve!
9. Você teve apoio do Ministério da Cultura ou outro órgão para gravar o filme?
Não, nós optamos por não tentar essa linha de editais ou Fundo Setorial para este filme pois sabíamos que com uma produtora nova e realizadores estreantes, seria impossível. Então desde o roteiro, já pensamos no projeto de forma que ele fosse mais 'barato'. Realizamos o Longa apenas com investimentos próprios - de pessoas e da produtora. Contamos com o apoio da Spcine para gravar em locais públicos de São Paulo, como a Paulista e o Parque da Aclimação. Mas não houve dinheiro público investido.
10. Qual foi o valor gasto para produzir o filme?
Não vou te passar o valor exato, ok? Foi aproximadamente 100 mil reais - o que não é praticamente nada quando vemos que filmes de 1,5 milhão ainda se enquadram na categoria de baixo orçamento.
11. Em sua opinião, as pessoas que assistirem “Bia (2.0)” terão mais elogios ou críticas construtivas?
Olha, até agora, as pessoas que assistiram tem elogiado bastante, principalmente o elenco, a história e a direção de arte... Mas críticas construtivas são sempre bem vindas. A não ser que a expectativa sobre o filme já esteja equivocada. Posso dizer a quem for assistir que não espere nada revolucionário, mas sim um retrato da vida cotidiana de alguns jovens paulistanos no bairro da Chácara Klabin, que é onde eu moro. Uma história simples, mas muito bem contada e executada.
créditos foto: Marwin Reis