ENTREVISTA COM O POETA MALUNGO

Por Eriberto Henrique.
25/12/2018 17:44
noticia ENTREVISTA COM O POETA MALUNGO
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Dando seguimento a minha série de entrevistas no Portal Olhar Dinâmico, hoje trago para vocês a última entrevista que fiz no ano, com o Poeta Malungo. Nascido em Recife, Malungo Começou a escrever em 1985. Recitador, é uma figura bastante conhecida nos polos literários da capital pernambucana, Edita o fanzine "De Cara com a Poesia" desde 2002, divulgado em todo Brasil.  

 

Vamos a entrevista:

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

1-Malungo, você é um poeta que viveu momentos bem distintos na literatura, olhando para o cenário local de Pernambuco, o que você acha que melhorou na literatura local e o que regrediu?

Malungo

R: Nesses três anos, estive afastado por motivos de trabalho e não acompanhei muito. Só sei que os eventos criados pelo estado, a maioria foram extintos. É certo que esses artistas precisam se organizar melhor para reivindicar os seus espaços. Os poetas, para essa elite, parecem não existir; não fazem parte da história da cultural de Pernambuco; um estado que ainda preserva a cultura oral, conhecido por ser a "terra da poesia".

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

2-O que lhe atraiu na poesia, o que lhe fez ser um poeta?

Malungo

R: Um pouco de  genética e incentivo: minha avó, meu tio e minha  prima, que são do interior, escrevem e recitam. Quando eu tinha uns 4 anos de idade, minha mãe comprou o meu primeiro gibi e meu pai, quando da vinda pro Recife, trouxe um caixote de tomate cheio de folhetos de cordéis, que ele lia para mim. Dez anos depois, em 1985, começei a escrever incentivado pela minha professora do segundo grau Maria Salete em Santo  Amaro (Recife) e por uma certa tristeza por uma mudança brusca de bairro.

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

3-Que autor que você leu e ainda lê que lhe serviu ou serve de referência?

Malungo

R: Colecionei e li bastante quadrinhos (1980/2012); tinha a  saudável mania de ler dicionários. Tive várias influências: tropicalismo, surrealismo de Dali, anarquismo, manguebeat, Zé Limeira e psicodelismo. Ganhei um livro do professor de reforço de matemática, Félix Rodrigues, que mudou a minha vida: "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter" de Mário de Andrade; quando li, pirei.

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

4-Foi você que criou o fanzine De Cara? De onde veio a ideia de criar esse fanzine?

Malungo

R: Em 2001, editei junto com Altair Leal, oito números do fanzine "Frente e verso". Em 2002, através de Jomard  Muniz de Britto, conheci o poeta Bruno Candéas e  juntos, criamos o "De Cara Com a Poesia" (Bruno se afastou do fanzine em 2006). Neste ano de 2018, o fanzine completa 16 anos de compromisso com a literatura, chegando em 21 estados brasileiros via carta.

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

5-No seu ponto de vista qual o maior desafio de uma autora(o), nacional?

Malungo

R: Editar e ter o seu trabalho distribuído com dignidade por todo o país.

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

6-Se você fosse um livro, qual seria o título?

Malungo

R: On the road de Jack Kerouac.

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

7-O Brasil está muito abaixo nos índices de leitores no mundo, como mudar esse quadro?

Malungo

R: Com educação, incentivo à leitura, barateamento de edições para formar leitores.

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

8-O que é literatura para você?

Malungo

R: É ponte para outros universos!

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

9-É lógico que nunca teve um incentivo à leitura no país, mesmo com políticas socialistas no poder, o erro está na sociedade ou no governo?

Malungo

R: Os dois. O governo cria uma legião de ignorantes para manipular. E a sociedade que não procura meios de adquirir conhecimentos para não virar "gado" na mão dos poderosos.

 

Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)

10-11-O que diria para os seus leitores?

Malungo

R:Leiam mais. Ler enriquece a alma.

 

O POVO DAS PONTES

Pelo Poeta Malungo

 

Viadutos, arcos escuros

Lama, rios fedorentos

Mães de família invisíveis

Barcos famintos

Bolsões de miséria

 

Sorrisos-criança

Aratus nos sinais

Pratos de fome

Gosto de maré

Meninos sambudos

 

Cidadãos-esperança

Velhos pescadores do nada

Embaixo das pontes

Moradias suspensas

Distantes dos nossos olhos.

 

 

Contato com o poeta: malungo@yahoo.com.br    zap: 081 9 8612 0985

 

 

 

 

 

 

 

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