ENTREVISTA COM O POETA MALUNGO
Por Eriberto Henrique.Dando seguimento a minha série de entrevistas no Portal Olhar Dinâmico, hoje trago para vocês a última entrevista que fiz no ano, com o Poeta Malungo. Nascido em Recife, Malungo Começou a escrever em 1985. Recitador, é uma figura bastante conhecida nos polos literários da capital pernambucana, Edita o fanzine "De Cara com a Poesia" desde 2002, divulgado em todo Brasil.
Vamos a entrevista:
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
1-Malungo, você é um poeta que viveu momentos bem distintos na literatura, olhando para o cenário local de Pernambuco, o que você acha que melhorou na literatura local e o que regrediu?
Malungo
R: Nesses três anos, estive afastado por motivos de trabalho e não acompanhei muito. Só sei que os eventos criados pelo estado, a maioria foram extintos. É certo que esses artistas precisam se organizar melhor para reivindicar os seus espaços. Os poetas, para essa elite, parecem não existir; não fazem parte da história da cultural de Pernambuco; um estado que ainda preserva a cultura oral, conhecido por ser a "terra da poesia".
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
2-O que lhe atraiu na poesia, o que lhe fez ser um poeta?
Malungo
R: Um pouco de genética e incentivo: minha avó, meu tio e minha prima, que são do interior, escrevem e recitam. Quando eu tinha uns 4 anos de idade, minha mãe comprou o meu primeiro gibi e meu pai, quando da vinda pro Recife, trouxe um caixote de tomate cheio de folhetos de cordéis, que ele lia para mim. Dez anos depois, em 1985, começei a escrever incentivado pela minha professora do segundo grau Maria Salete em Santo Amaro (Recife) e por uma certa tristeza por uma mudança brusca de bairro.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
3-Que autor que você leu e ainda lê que lhe serviu ou serve de referência?
Malungo
R: Colecionei e li bastante quadrinhos (1980/2012); tinha a saudável mania de ler dicionários. Tive várias influências: tropicalismo, surrealismo de Dali, anarquismo, manguebeat, Zé Limeira e psicodelismo. Ganhei um livro do professor de reforço de matemática, Félix Rodrigues, que mudou a minha vida: "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter" de Mário de Andrade; quando li, pirei.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
4-Foi você que criou o fanzine De Cara? De onde veio a ideia de criar esse fanzine?
Malungo
R: Em 2001, editei junto com Altair Leal, oito números do fanzine "Frente e verso". Em 2002, através de Jomard Muniz de Britto, conheci o poeta Bruno Candéas e juntos, criamos o "De Cara Com a Poesia" (Bruno se afastou do fanzine em 2006). Neste ano de 2018, o fanzine completa 16 anos de compromisso com a literatura, chegando em 21 estados brasileiros via carta.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
5-No seu ponto de vista qual o maior desafio de uma autora(o), nacional?
Malungo
R: Editar e ter o seu trabalho distribuído com dignidade por todo o país.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
6-Se você fosse um livro, qual seria o título?
Malungo
R: On the road de Jack Kerouac.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
7-O Brasil está muito abaixo nos índices de leitores no mundo, como mudar esse quadro?
Malungo
R: Com educação, incentivo à leitura, barateamento de edições para formar leitores.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
8-O que é literatura para você?
Malungo
R: É ponte para outros universos!
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
9-É lógico que nunca teve um incentivo à leitura no país, mesmo com políticas socialistas no poder, o erro está na sociedade ou no governo?
Malungo
R: Os dois. O governo cria uma legião de ignorantes para manipular. E a sociedade que não procura meios de adquirir conhecimentos para não virar "gado" na mão dos poderosos.
Eriberto Henrique (Olhar Dinâmico)
10-11-O que diria para os seus leitores?
Malungo
R:Leiam mais. Ler enriquece a alma.
O POVO DAS PONTES
Pelo Poeta Malungo
Viadutos, arcos escuros
Lama, rios fedorentos
Mães de família invisíveis
Barcos famintos
Bolsões de miséria
Sorrisos-criança
Aratus nos sinais
Pratos de fome
Gosto de maré
Meninos sambudos
Cidadãos-esperança
Velhos pescadores do nada
Embaixo das pontes
Moradias suspensas
Distantes dos nossos olhos.
Contato com o poeta: malungo@yahoo.com.br zap: 081 9 8612 0985