Iron Maiden: Um show em outro mundo!

Agosto de 1992 / Março de 2016 = 24 anos e um mundo totalmente diferente de pano de fundo.
05/08/2017 00:02
noticia Iron Maiden: Um show em outro mundo!
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Por Gilberto Rossi Jr.

Em 1992, o Iron Maiden estava no auge de popularidade agradando sua legião de fãs e gerando polêmicas com os mais radicais, pois estava levando sua música poderosa a uma nova fatia de mercado que até então apenas margeava.

As rádios e a TV’s puderam se aproximar da aura sobrenatural de uma grande banda de heavy metal que compôs duas músicas mais próximas do senso (ouvido) comum - Wasting Love e Fear of the Dark.

Naquele momento, o grande público estava consumindo um som mais pesado, o rock tinha invadido as grandes listas e rankings da música com Guns n Roses, Metallica, Red Hot, Skid Row, REM e toda a ascensão grunge. A expectativa pelo show era absurda.

As rádios anunciavam o início das vendas com meses de antecedência. Era a 1ª vez do Iron em São Paulo, o que para a grande maioria do público parecia a primeira vez no Brasil, pois com exceção dos heróis admirados em pedestais que estiveram presentes no Rock in Rio 1985, os meros mortais ainda ansiavam por este momento.

Para comprar o ingresso não tínhamos escolhas, era cabular aula, faltar no trampo, e encarar filas nos dois ou três pontos de vendas disponíveis, mais ou menos como acontecia com os lançamentos de LP’s, mas essa é outra história que contarei mais pra frente.

Chegado o dia, eu e meu amigo Rodrigo Palito fomos “escolhidos” para a missão. Tínhamos a incumbência de comprar 21 ingressos para a galera. Lá fomos nós para a inesquecível Woodstock (tradicional loja de discos de SP – para quem não conhece, assista o Documentário disponível no Netflix e no Youtube, WOODSTOCK – MAIS QUE UMA LOJA). Assim que chegamos assumimos nossa lugar na fila que estava no começo do Viaduto do Chá, próximo ao Teatro Municipal, quase 01 km de distância da loja, era impossível saber ao certo quantas pessoas estavam a nossa frente.

Depois de uma manhã de espera, começa a rolar um boato de que os ingressos estavam acabando, o pessoal na fila começa a ficar agitado, uns tensos e cochichando, outros aos berros de desespero anunciando o fim dos tempos. Lembro que de repente ouvimos a confirmação do que temíamos... ACABARAM OS INGRESSOS!

Neste momento, numa cena que caberia perfeitamente num filme como Detroit Rock City, uma correria inacreditável acontece em direção ao Metrô Anhangabaú, centenas de cabeludos malucos para chegar ao outro ponto de venda, uma loja de roupas de surf na Rua Augusta.

A cena presenciada foi insana, a galera invadindo o metrô, pulando as catracas e se ajudando a entrar no trem para não perder um segundo sequer.

Durante o percurso uma tensão no ar ”Será que var dar? Será que vou perder?”, até o momento em que se abrem as portas do metrô na Estação Consolação e aquela galera sai em disparada, pulando novamente as catracas, subindo a escada rolante a 100 por hora, e invadindo a Rua Augusta.

Eram centenas de adolescentes correndo no meio da Rua Augusta, parando o trânsito, pois a calçada não era suficiente para todos.

Foram quilômetros inesquecíveis, coisa de cinema, até chegarmos a porta da loja e como por milagre, entenda-se companheirismo e respeito ao próximo (fã) fez-se uma fila organizada e, finalmente compramos os ingressos.

Saímos da loja como se estivéssemos levantando a Copa do Mundo. Quase nem precisávamos do show (quase). O show aconteceu no Parque Antártica, estádio do Palmeiras que hoje, assim como a forma de compra de ingressos, foi quase que plenamente modificado.

Hoje Allianz Parque, uma arena moderníssima onde coincidentemente, em março próximo acontecerá o décimo show do Iron Maiden no Brasil. O show de 92 foi maravilhoso, um set list cantado de ponta a ponta pelas mais de 30 mil pessoas que ali estavam.

Sabíamos que a banda não vinha com a estrutura cenográfica de palco que normalmente montavam em suas turnês da Europa, mas não importava, sonhávamos em ver a banda, em cantar em coral “Run to the hills” e em ver o Eddie, o boneco da caveira-monstro símbolo da banda. E tudo isso aconteceu e da forma mais perfeita que se pode imaginar.

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