A BEIRA DA MORTE
Por Eriberto HenriqueHá alguns dias, estava fazendo minha corrida em volta da quadra poliesportiva da comunidade em que moro. Clima gostoso, suor escorrendo, tudo acontecendo como esperado. Duas voltas na quadra, e fui observando jovens de idades variadas, crianças e adolescentes, se preparando para jogar uma pelada. Pensei comigo, “o entretenimento é bom, ajuda a tirar a molecada da ociosidade, além de proporcionar, quem sabe, a revelação de talentos, mas fumando maconha não dá.
Esse fato, só revela o verdadeiro problema do país, “cultura”. Sofremos há décadas, de uma pobreza cultural muito grande, nossa cultura está nivelada por baixo, refletida nas gerações que são formadas por seus genitores, sem comprometimento algum, sem responsabilidade, entregues as possibilidades de uma boa gestão política, que esbarra na mesma pobreza cultural. Somos uma nação dividida em bandos, grupos sociais atolados em ideologias, que camuflam a responsabilidade, que banalizada o mérito, formando seres humanos incapazes de refletir sobre os seus erros, e evoluir. Disso tudo, surge os preconceitos, a violência, a desigualdade, e a necessidade de formar grupos para debater feridas e sequelas, de gerações aterrorizadas por dores que nunca sentiram, e desconhecendo o verdadeiro sentido da dor, “o amadurecimento”.
Aqueles jovens que estavam fumando maconha na quadra, estão sendo formados por suas famílias, primeiramente, a beira da morte, entregues a um futuro incerto, que eles não serão capazes de construir, poderiam levar o futebol a sério, poderiam usar o tempo que tem, para estudar, e serem merecedores de um espaço conquistado, no competitivo mercado de trabalho; poderiam estar juntos como estavam ali, não se drogando, mas produzindo, criando, praticando e desenvolvendo talentos subjetivos, ocultos dentro de suas personalidades, mas infelizmente, já saem de casa boicotados. Tachados como incapazes, por todos que lhe cercam, como vítimas de um sistema, que infelizmente, inconscientemente ou não, eles estão ajudando a manter, simplesmente por falta de algo, chamado, “cultura”.
Eriberto Henrique, natural de Jaboatão dos Guararapes-PE. Escritor poeta, capista e ilustrador. Diplomado na Academia Mundial de Cultura e Literatura e na Academia Independente de Letras. Eriberto é editor e criador da prestadora de serviços editorias, EHS Edições, também é chargista voluntário do Portal Olhar Dinâmico, e do jornal A Voz de Cavaleiro. Têm vários livros escritos e publicados, nos gêneros, poemas, crônicas, romances e contos; e participou de várias antologias.