Em SP: Museu do Jaçanã é roteiro da 3ª Jornada do Patrimônio
Por Erica Rodrigues
Foi realizado neste sábado, dia 19 de agosto no Museu do Jaçanã o evento Jornada do Patrimônio.
Organizado em 2 dias (19 e 20 de agosto) pelo departamento do patrimônio histórico da prefeitura municipal de São Paulo visa reatar os laços entre o patrimônio e o cidadão paulistano, através de 3 atividades: no período da manhã, o roteiro a pé até o asilo do Jaçanã, levando mais de 100 adolescentes e alunos do CEU para visitarem o museu e conhecerem aquele espaço.
No período da tarde a segunda atividade foi a palestra sobre: Museus Comunitários com o professor universitário da UNIFESP Odair da Cruz Paiva.
O palestrante, explica que o objetivo da palestra foi “refletir sobre o museu é absolutamente importante para nós termos uma instituição viva e preservada”.
Gestão técnica e a diretoria executiva do museu na pessoa da Presidente Claudia Machado falou sobre a importância do evento e sobre os próximos projetos para o museu.
Ao final do evento a terceira etapa, os seresteiros do Jaçanã fizeram uma apresentação de vários sambas, entre eles o famoso Trem das Onze.
Assista a apresentação do grupo de seresteiros cantando o Trem das Onze aqui:
Sobre o Evento Jornada do Patrimônio:
A equipe de gestão técnica explica que esta é a terceira edição do evento Jornada do Patrimônio.
No evento – são abertos imóveis tombados para receberem visitantes e são compartilhadas suas histórias com essas pessoas.
O trajeto a pé tem como objetivo as pessoas observarem e terem um contato com o patrimônio, além de serem realizadas também palestras e oficinas com atividades teóricas ou práticas e até mesmo exposição e lançamento de livros.
Várias atividades simultâneas aconteceram em dois dias (19 e 20 de agosto) na cidade de São Paulo em todas as regiões.
O principal objetivo dessa ação: no processo de valorização do patrimônio se identifica o bem, se estuda e se valoriza. A valorização envolve a comunidade, porque se um bem foi declarado patrimônio, e a sociedade não valoriza, de pouco adianta a chancela oficial de patrimônio, se ele é patrimonizado e a população não reconhece ele como patrimônio. O ato de tombamento e de preservação pouco valeu.
E a intenção da Jornada do Patrimônio é realmente aproximar o cidadão desse bem patrimonizado para que ele reconheça e valorize como seu patrimônio.
A Jornada é inspirada em fatos semelhantes que acontece em outros países. Ela já acontece na Europa em países como Inglaterra e França e na América do Sul no Uruguai. O evento em São Paulo inspirado no modelo francês.
A diretora do DPH – Departamento de Patrimônio Histórico De São Paulo foi convidada pelo governo francês, pelo ministério da Cultura e foi buscar como é que a França organiza esse evento. A partir dessa observação ela adaptou esse modelo esse formato para São Paulo.
O cidadão que participa do evento acaba se interessando um pouco mais, tendo o patrimônio pela valorização do patrimônio. Eu mesmo já ouvi pessoas relatarem que através de um tema se interessaram pelo evento, ou então que descobriram um determinado imóvel do seu bairro que pode ser considerado um patrimônio, mesmo ele sendo uma residência, um comércio e mesmo que ele não tenha sido tombado pela prefeitura.
É um evento anual constituído municipal e acontece todos os anos nessa época de agosto. A lei determina que no terceiro sábado e domingo do mês de agosto e junto com ele também acontece a semana do patrimônio, que é um evento que acontece a semana toda, mas esse é um evento mais para especialistas e estudantes no assunto.
O diferencial da jornada é que qualquer cidadão pode se propor para a jornada um roteiro que tenha um determinado objetivo. E a partir desse roteiro receber as pessoas. Não precisa ser uma instituição, nem ser um órgão, nada de formalidade e a própria comunidade pode participar.
O professor e palestrante explica que hoje o museu é um espaço que ele não pode ser visto como neutro, não pode ser visto como despossuído de intencionalidades. Um discurso que perpassa por uma construção de uma ou muitos agentes. Que muitas vezes não estão na visibilidade do público. Começa a ideia de pensar o Jaçanã como um desses espaços.
Perguntado sobre como é possível as pessoas aproveitarem melhor os espaços dos museus para interagirem com eles, o professor explica que:
Na área do patrimônio nós sempre falamos que a preservação perpassa sempre pelo uso, quanto melhor preservado o espaço é o quanto ele é mais usado, o contrário daquela ideia mais antiga de que tudo tinha que ficar no mesmo lugar, onde as pessoas não podiam tocar. O museu hoje, ele é um equipamento diferente aos setores educativos que trazem as crianças e as escolas para dentro do seu espaço, desenvolvem atividades das mais diversas e por outro lado é um pouco o que eu diria inventar possibilidades, não há necessariamente um script do que se desenvolver no museu, mas é o museu é ficar ou estar aberto, há várias possibilidades, vários sujeitos, vários agentes podem contribuir, mas também podem ter a sua educação somada pelo próprio museu.
Perguntado se existe algum exemplo, ele explica que vários museus fazem essa prática de incorporar o público externo às suas atividades, e cada museu tem suas atividades como: apresentação de corais, grupo de serestas, palestras e às vezes palestras sobre outros temas, que não são temas relacionados ao museu, como meio ambiente, problemas do bairro, e desconectar essa ideia de que tudo o que se desenvolve no museu tem que ser diretamente relacionado ao museu.
"Se o museu ele se torna um espaço público, vivenciado pelas pessoas, ele já está cumprindo o seu papel”, conclui o professor.