Marcelo Hayena vocalista da banda Uns e Outros

Conheça um pouco sobre a trajetória da banda e de Marcelo Hayena
18/11/2020 06:17
noticia Marcelo Hayena vocalista da banda Uns e Outros
noticia Marcelo Hayena vocalista da banda Uns e Outros

Uns e Outros é uma banda de rock alternativo formada em 1983 no Rio de Janeiro. Ficou nacionalmente conhecida pelos singles "Carta aos Missionários" e "Dias Vermelhos", ambos de 1989, do seu segundo álbum (relançado em 2009, pela SONY/BMG).


Depois de um tempo longe do mainstream, a banda carioca passou por mudanças, e lançou o disco Canções de Amor e Morte, que obteve destaque de crítica, principalmente pelos singles "Um Dia De Cada Vez" e "Depois do Temporal". O álbum possui uma regravação de "Dia Branco", clássico da música brasileira, de Geraldo Azevedo.


Em 2014 lançaram seu primeiro CD ao vivo (originalmente um DVD), gravado no Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 2010; do qual foi lançado "Perdendo Vida", com a participação de Bruno Gouveia, do Biquini Cavadão.


A arte existe para que possamos suportar as agruras de uma existência por vezes penosa.
E dentre todas as formas de arte a música é a mais sublime, pois encanta e envolve do doutor ao analfabeto, Uns buscam sentidos E Outros apenas sentir, mas ninguém lhe é indiferente.
Neste universo tão lúdico, mágico e perfeito fãs Canções existe uma elite de compositores e intérpretes que figuram no panteão das memórias afetivas e trilhas sonoras de toda uma geração, dentre eles não há como não destacar Marcelo Hayena.
Hayena está na estrada já mais de 30 anos e é autor de Canções (assim mesmo, com maiúscula) que ajudaram a formar a consciência crítica de gerações de ouvintes. Tivesse Marcelo nascido em um país de língua inglesa suas composições seriam cantadas pelos quatro cantos do mundo, mas quis o destino que ele nascesse em um subúrbio do Rio de Janeiro justamente no ano do golpe militar, não por coincidência o compositor que afloraria junto com a Nova República, no festival Banda Contra Banda defendendo com o Uns e Outros a música Dois Gumes, não venceram o festival, mas com o segundo lugar tiveram a Canção gravada no LP do Festival, primeiro registro fonográfico da banda e que lhe abriu as portas para no ano seguinte entrar em estúdio e lançar o primeiro álbum da banda intitulado Nós Normais. Em uma época em que compositores, canções, músicos e intérpretes eram do mais alto nível intelectual, não era fácil ser percebido pelo mainstream e ser admirado pelo público. Hayena e seu Uns e Outros conseguiram os dois. Nós normais apresenta um compositor visionário, que antecipada o flagelo da nossa sociedade atual em Depressão, mostra seu lado humanista relatando as mazelas da guerra das Malvinas em Sob um sol de grafite e o talento para expressar toda a dor e ironia nelsonrodriguiana em Anjo Negro. 
No ano seguinte banda e compositor lançam Uns e Outros, álbum que escreve o nome do grupo definitivamente no livro da história do rock brasileiro. De peito aberto as letras antecipam discussões que ainda hoje mais de três décadas depois continuam soando polêmicas. A solidão  carregara seus versos com as cores da indignação social em Lágrimas entre Máscaras, a opressão militar , a indiferença do Estado ante as mazelas do povo sofrido, a ausência de empatia das classes dominantes para com os menos desvalidos em Carta aos Missionários, Canção que se tornou um verdadeiro hino de toda uma geração e que causou à Hayena o dissabor de ser tachado de comunista por ter a coragem de apontar o dedo para os generais, senhores das guerras, mais identificados com o sistema capitalista. Grande erro de compreensão, Hayena é politizado sem ser político, apartidário, porém, levantando a bandeira da igualdade e da ética, inspirado pelos iluministas e humanistas trilhou seu caminho segundo a moral construída em uma família sólida e estruturada, libertária e que lhe permitiu escolher os caminhos que quis trilhar e esse caminho foi o da busca pela igualdade.
Dois anos mais tarde o Uns e Outros lança A Terceira Onda. Incomodado com as críticas recebidas por Carta aos Missionários e inspirado pelas mudanças que sacudiam o mundo com a queda do muro de Berlim no ano anterior Hayena escreve Noticias do leste, uma pesada crítica aos ditadores de esquerda que durante décadas tolheram a liberdade dos povos dominados sob a Cortina de Ferro agora rasgada pelos ventos da democracia. Conseguiu um feito inédito, odiado por parte da direita rançosa por ter escrito Carta, agora era execrado pela esquerda iludida por cantar Notícias. Todos contra o Uns e Outros. Mas ele persistiu. Esse era o menor de seus problemas. O disco ainda trazia Canção em volta do fogo, música composta para seu filho e que até hoje precisa figurar no setlist dos shows, colocava mais uma vez o dedo na ferida da religião Em Nome da fé, ironizava a critica musical em A pena Implacável, trazia a indignação para com o país em O Cheiro e tem ainda uma das maiores Canções que a banda já fez, mais uma sob a influencia do maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos, o pernambucano Nelson Rodrigues, de quem Hayena pega emprestado versos da peça Valsa n 6 e compõe a obra prima Ausência concebida com primazia pela banda. Para ouvir de joelhos.
Desgastes com gravadores, não se sujeitar a assinar cheques em branco e nem vender a alma para estar na mídia fizeram com que o Uns e Outros fossem pouco a pouco se afastando das grandes gravadoras, mas nunca de seu público fiel e da sua essência. A banda só voltaria a gravar 8 anos depois lançando o álbum Tão longe do Fim.
Os fãs ficaram órfãos de um trabalho por mais 8 anos até 2006 quando o Uns e Outros entregou ao mundo da música o disco Canções de Amor e Morte. Como um Quixote que empunha um microfone ao invés de uma lança, Hayena desfila (e destila) ao longo de 12 faixas todo o lirismo que a maturidade lhe concedeu, todo a amargura que as Dulcineia lhe impingiram, monta o seu Rocinante e enfrenta as angústias e dissabores que a vida lhe apresentou e certo ainda lhe apresentará, não descansa, segue firme amparado pelo fiel escudeiro Nilo Nunes parceiro de primeira hora, Guel e Bruno Baiano desafiando os monstros do cotidiano ou os moinhos de vento. Mesmo após uma noite de tempestade ele sairá pisando a manhã tranquila.
Com uma carreira consolidada, uma obra sólida e Canções imortalizadas, Marcelo Hayena atingiu o Olimpo, seja cantando sua própria obra, seja interpretando músicas de autores que admira e lhe sai referência, seu trabalho é irretocável.
Como um Epimeteu moderno, Hayena segue nominado sentimentos, emoções, estado de espíritos, alegria, reflexões, permitindo que o amor seja semeado em um dia branco ou em outros corações.
 

    Marco Fukuyama
    Produtor Artístico


Programa “Studio ao vivo”
Apresentação e Produção
      Marco Fukuyama

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