IPÊ Instituto de Pesquisas Ecológicas e parceiros plantam mais de 8.000 árvores no Sistema Cantareira
Em tempos onde as ONG´s e entidades não governamentais são frequentemente atacadas com falsas notícias e acusações sem fundamentos vemos uma realidade bem diferente onde estas entidades vem desenvolvendo trabalhos muito relevantes principalmente ao meio ambiente e um dos maiores exemplos é o IPÊ Instituto de Pesquisas Ecológicas. O IPÊ teve sua fundação oficial em 1992, mas começou sua história muito antes dessa data. Em 1978, aos 30 anos, Claudio Padua deixou para trás a carreira de diretor administrativo no Rio de Janeiro para se dedicar exclusivamente à Biologia. A mudança radical de vida incluiu sua esposa, Suzana Pádua, e seus três filhos. A família mudou-se para o Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo) para que Claudio pudesse realizar as pesquisas com o mico-leão-preto, um dos primatas mais raros e ameaçados de extinção no mundo.
Com o decorrer das pesquisas, foi constatado que, para a conservação efetiva da espécie, seria necessário o apoio dos moradores do entorno da floresta, habitada pelo mico-leão- preto. Começava aí o trabalho de educação ambiental do IPÊ, liderado por Suzana que, ao envolver as comunidades da região, iniciou o processo de conscientização sobre a importância da proteção da natureza. Aos poucos, as pessoas foram compreendendo que a conservação do mico ajudaria não só a conservar da Mata Atlântica, já bastante ameaçada, mas também suas próprias vidas.
Outros pesquisadores e estagiários, que naquela época já acreditavam ser impossível separar conservação de educação ambiental e envolvimento comunitário, uniram-se a Claudio e Suzana para criar o IPÊ, que inicialmente teve sua sede em Piracicaba (SP).
Hoje, o IPÊ é considerado uma das maiores ONGs ambientais do Brasil, possui título de OSCIP e tem sede em Nazaré Paulista (SP). O Instituto, que começou com o Projeto Mico-Leão-Preto, agora conta com mais de 80 profissionais trabalhando em mais de 30 projetos por ano, em locais como o Pontal do Paranapanema e Nazaré Paulista (SP), Baixo Rio Negro (AM), Pantanal e Cerrado (MS).
Uma das preocupações do IPÊ desde a sua criação é a transferência do conhecimento adquirido em suas pesquisas de campo. Para isso, em 1996, o Instituto criou o CBBC - Centro Brasileiro de Biologia da Conservação, para cursos de curta duração, que evoluiu, em 2006, para a ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, oferecendo Mestrado Profissional e MBA.
Um dos projetos do IPÊ é o SEMEANDO ÁGUA que tem como objetivo disseminar práticas sustentáveis que contribuem para o aumento da renda do pequeno produtor rural e ao mesmo tempo ampliam a conservação dos recursos hídricos, o que soma esforços para a segurança hídrica do Sistema Cantareira.
Em Mairiporã o IPÊ já contribuiu com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural com um Curso de Agrofloresta ministrado por Karin Hanzi do Epicentro Dalva de Pedra Bela, o intuito desse curso foi capacitar os pequenos produtores do Sistema Cantareira para uma produção agroecológica que ao mesmo tempo em que gere renda preserve as florestas e nascente, mais que uma agricultura sustentável a agroflorestal é uma agricultura de regeneração pois além de preservar a mata nativa existente ainda recupera partes degradadas das florestas.
Entre os meses de novembro de 2020 e fevereiro de 2021 o IPÊ e seus parceiros plantam mais de 8.000 árvores no Sistema Cantareira.
Mais de 370 mil mudas de árvores da Mata Atlântica foram adicionadas à região por meio de ações e projetos do IPÊ em conjunto com empresas e pessoas físicas
O período de outubro a março marca a temporada de plantios na região do Sistema Cantareira, por conta do aumento de volume das chuvas. O momento é valioso tanto para as iniciativas voltadas à restauração florestal quanto para aquelas relacionadas aos Sistemas Produtivos Sustentáveis, como Silvicultura de Nativas e Fruticultura.
Apenas nas áreas próximas às nascentes, rios, e riachos, entre os meses de dezembro e fevereiro mais de 8.000 árvores estão sendo plantadas. Esse resultado é fruto das doações de pessoas físicas (nacionais e internacionais) e de campanhas realizadas pela iniciativa privada. A Egencia, uma empresa do Grupo Expedia, que tem a Tour House como sua parceira no Brasil, por exemplo, direcionou esforços para recuperar as florestas no Brasil vinculando cada visita ao estande, durante evento de turismo em Londres, em 2020, ao plantio de 1 árvore, o que resultou em 6.000, no total. Também no ano passado, o Red Bull Bragantino realizou em parceria com o IPÊ campanha no twitter sobre as queimadas na região. A cada 15 interações por post, 50 novas mudas foram doadas à região, gerando um total de 500 árvores.
Pessoas físicas e empresas também contribuíram com a doação de 1.500 mudas de árvores via plataforma internacional Tree-Nation. “O desafio na região é enorme e todas as contribuições são super bem-vindas, afinal trata-se de restaurar florestas e melhorar a produção de água, em quantidade e qualidade para milhões de pessoas”, celebra Andrea Pupo, coordenadora de Educação Ambiental do Projeto Semeando Água, do IPÊ. O próximo plantio com as doações obtidas via plataforma será realizado até o fim de março. Até o momento, cerca de 500 mudas estão garantidas para essa ação.
Segundo levantamento do Atlas do Sistema Cantareira, uma publicação do IPÊ, apenas nas áreas de preservação permanente próximas às nascentes, rios e riachos, o total de áreas que precisam ser restauradas é de 21 mil hectares, o equivalente a 21 mil campos de futebol, ou ainda 35 milhões de árvores. “Esse é um desafio da sociedade e os plantios do final de 2020 e do primeiro mês de 2021 revelam que juntos com empresas e pessoas físicas de diversos lugares do mundo podemos ir mais longe”, pontua Andrea Peçanha, coordenadora da Unidade de Negócios do IPÊ.
Sérgio Foguel