Startup médica liderada por mulher busca maior valorização feminina no mercado de trabalho

Mitfokus, empresa de TI que comemora cinco anos, mantém ações de conscientização e dá preferência na contratação.
29/10/2021 09:45
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É fato: o mundo dos negócios ainda é masculino e a área de tecnologia da informação (TI) predominantemente povoada por homens. Mas, aos poucos e superando desafios, já é possível vislumbrar cada vez mais mulheres ocupando posições na área e, também, cargos importantes dentro do segmento. Em 2020, a pesquisa Panorama Mulher, desenvolvida pelo Insper, em parceria com o Talenses Group, trouxe dados que confirmam o cenário. O estudo mostrou que 13% das empresas brasileiras têm mulheres como CEO e, na área de TI, 4% das vice-presidentes são mulheres. No entanto, há espaço para muito mais e elas já estão encontrando o caminho. Informações do Banco Nacional de Empregos, por exemplo, mostram que entre janeiro e maio deste ano houve um salto no registro de candidaturas para vagas nas áreas de TI, em comparação com igual período do ano passado: foram 12.716 inscrições contra 10.375.

É claro que, embora exista uma lacuna entre o ideal e o que já se tem, o mercado está cheio de bons exemplos. É o caso da Mitfokus, empresa que em setembro completou cinco anos de fundação. Aliás, fundação assinada por uma mulher: a paulista Júlia Lázaro, de 40 anos e mãe de dois filhos, é quem, ao lado de um homem, seu sócio, comanda a empresa de TI que presta consultoria financeira e tributária especializada na área médica. São 30 funcionários, mulheres e homens, que sob a batuta de Júlia, trabalham com a entrega de bons resultados e, na empresa, compartilham do respeito e admiração uns pelos outros.

Júlia Lázaro, da Mitfokus Soluções Financeiras: busca por maior flexibilidade de horários para conciliar trabalho com a maternidade fizeram a administradora fundar empresa de tecnologia contábil para área médica. A startup mantém programas de conscientização e dá preferência à contratação de mulheres. 

“Estou com um bebê de oito meses e desde que entrei na Mitfokus, há três anos, deixei clara minha intenção de ter meu segundo filho. Isso foi visto com bons olhos pelos gestores. A minha experiência com a maternidade foi extremamente diferente do primeiro filho; na empresa anterior, sofri um enorme preconceito por parte da diretoria. Hoje, tenho líderes realmente humanos”, conta a consultora comercial, Ariane Soldate Matias, 37. Não só diante da maternidade veio o apoio, garante a profissional. A pandemia, que fez as mulheres acumularem afazeres, também foi compreendida pela Mitfokus. “As mulheres foram as mais afetadas com as mil e uma tarefas que tiveram que absorver ao mesmo tempo e conciliar tudo isso. Os gestores realmente entenderam este momento conturbado e que o fato de sermos mães não afeta o profissionalismo e o retorno comercial, aliás, nossa dedicação é ainda maior, porque tudo é em prol de um bem maior: nossos filhos”.

Veronica Zenerato Ribeiro, 32, ocupa o cargo de analista de marketing há seis meses na empresa e compartilha das vivências da colega. Antes, porém, já viveu experiências frustrantes. “Como jornalista, entre 2012 e 2016, fui barrada em vários locais e rodas de conversas por ser mulher. Rádio, ambientes políticos e entre os próprios jornalistas homens, existia muito machismo. Ouvia sempre quais pautas uma mulher podia cobrir e quais não. Em ambientes competitivos, como comércio e vendas, também foi muito difícil. Tive que, com muito cuidado, conquistar o respeito dos colegas, enquanto os homens naturalmente eram acolhidos no grupo”, conta.

Cuidar para tornar o ambiente agradável para mulheres e dar espaço para que elas galguem postos de destaque são grandes contribuições da Mitfokus. Júlia, baseada em suas próprias narrativas, é da máxima que lugar de mulher é sim onde ela quiser. “Cresci em um ambiente saudável, onde homens e mulheres eram iguais; não havia competição. Na minha casa, a minha mãe já chegou a ganhar mais do que meu pai e não tinha nada de errado nisso. Fui criada em uma casa igualitária”, sorri a empresária, que moldou a empresa enquanto embalava os filhos, cuidava da casa ou estava ao lado do marido, o doutor Dirceu, seu companheiro de jornada.

Júlia, múltipla como tantas mulheres pelo país afora, abriu as portas de sua empresa para outras mulheres que também buscam seu lugar ao sol. “Nunca tive uma causa ou uma bandeira, mas, para as mulheres, tenho uma observação. Costumo dizer que não sou feminista, sou realista e precisamos nos unir para sugerir transformações de estrutura para as mulheres. Penso muito numa palavra atualmente: sororidade. Percebo que a união entre as mulheres é necessária e essencial. Não sou contra os homens, nada disso, mas defendo a união das mulheres. Eu gostaria de ver mais mulheres fazendo questão de contratar mulheres. De ter mais mulheres na política e altos cargos, em tecnologia. Mulheres brilhantes, mulheres ordinárias, mulheres extraordinárias!”, afirma.

A Mitfokus presta serviços de consultoria, gestão e disponibiliza soluções tecnológicas nas áreas tributária, contábil e financeira a fim de auxiliar empresas e profissionais da saúde. Conta com unidades em Campinas e São Paulo e atende clientes em todas as regiões do Brasil. Atualmente, são mais de 1.200 médicos clientes, de 40 especialidades. No dia 1º de setembro, a empresa completou cinco anos de fundação. Júlia abriu a empresa após 12 anos de experiência em multinacionais e fora do Brasil. Trouxe o know-how germânico para dentro da cultura organizacional da Mitfokus.

“Minha vivência na Alemanha foi tão importante que a empresa carrega um nome germânico, que significa ‘com foco’. A ideia da Mitfokus é seguir esse modelo, entregando produtos e serviços com excelência; isso está no DNA, é a nossa raiz. Nossa ideia foi a de reunir profissionais formados nas melhores universidades e com experiência corporativa em grandes multinacionais, desenvolvendo uma equipe capaz de guiar profissionais e empresas da área de saúde a encontrarem as melhores soluções tecnológicas para as questões tributárias, contábeis e financeiras”.

O modelo vem dando certo, com esforço, planejamento, trabalho, otimismo e, claro, com altas doses de inclusão e igualdade.

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