Por uma sociedade mais justa para nossas filhas

Outro dado impressionante é sobre o voto. Somente em 1932 o Código Eleitoral Brasileiro permitiu o sufrágio feminino, uma conquista que só foi possível após a organização de movimentos feministas no início do século XX, que atuaram intensamente no movimento sufragista, influenciados pela luta das mulheres nos EUA e na Europa por direitos políticos.
08/03/2022 18:26
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Por Carolina Barbosa*

O Dia Internacional da Mulher não é apenas uma data para ser lembrada com mimos e mensagens carinhosas nas redes sociais. Trata-se de um dia que nos remete à luta diária do sexo feminino por equidade e por respeito na sociedade, já que cada uma de nós carrega diferentes tipos de cicatrizes de muitos anos de opressão.

Durante muito tempo, nós, mulheres, vivemos à sombra dos homens - embora estivéssemos por trás de cada passo, de cada conquista e de cada movimento rumo à evolução obtida pelo sexo masculino. Somente há pouquíssimo tempo conseguimos mostrar que sempre tivemos consciência disso.

Para quem acha que é um exagero, basta refletir que até 1962 as mulheres brasileiras casadas precisavam de autorização do marido para trabalhar; até então, elas também não tinham direito à herança e nem chance de pedir a guarda dos filhos em casos de separação. Já imaginou?

E os cartões de crédito? As mulheres só conquistaram o direito de portarem um no ano de (pasmem) 1974. É isso mesmo: antes disso, este era um direito exclusivo dos homens.

Outro dado impressionante é sobre o voto. Somente em 1932 o Código Eleitoral Brasileiro permitiu o sufrágio feminino, uma conquista que só foi possível após a organização de movimentos feministas no início do século XX, que atuaram intensamente no movimento sufragista, influenciados pela luta das mulheres nos EUA e na Europa por direitos políticos.

É uma pena que os avanços sejam tão lentos, mas enquanto houver luta, haverá mudança. Hoje, alguns setores podem até mesmo comemorar a presença marcante feminina, como é o caso da Saúde. Nele, somos a maioria em cinco das seis especialidades consideradas básicas na Medicina: 70% na Pediatria, 54,6% na Medicina da Família, 51% na Medicina Preventiva, 50,9% na Clínica Médica e 50,5% na Ginecologia e Obstetrícia.

Mais de 6 milhões de profissionais dos setores públicos e privado são mulheres. Entre os médicos, elas compõem mais de 45% dos profisionais de diversas especialidades e são maioria nos cursos de Medicina e Enfermagem. Na própria CR Diagnósticos somos um total de 80% de mulheres, com muito orgulho.

Apesar dos números significativos, temos muitas questões a serem melhoradas e precisamos trabalhar para seguir sempre adiante. Conquistamos espaço e estamos prontas para enfrentar desafios que reflitam em desigualdade de gênero: mais presença em cargos de liderança e gestão, mais empatia sobre funcionárias que sejam mães, mais respeito pelas visões e opiniões que partam de uma mente feminina e, por isso, carreguem outras perspectivas. 

O combate à estrutura existente na sociedade, onde é comum que os homens deem sempre a última palavra, é sim muito mais discutido hoje em dia. Mas não podemos perder de vista que tudo isso foi conquistado depois de muito suor e temos que continuar reafirmando nossos direitos. Só assim deixaremos uma sociedade mais justa para nossas filhas e netas.

*Dra. Carolina Barbosa é diretora executiva do CR Diagnósticos.

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