NA BEIRA DO ASFALTO

Por Eriberto Henrique
11/03/2018 09:59
noticia NA BEIRA DO ASFALTO
noticia NA BEIRA DO ASFALTO

 

Já fiz tanta coisa em tão pouco tempo,

E ao mesmo tempo fiz tão pouco em tantos anos;

Minha bandeira branca está ensopada de sangue!

O sangue de muitos como eu,

Que morreram por essa luta

Onde nossa derrota é certa.

Mas porque lutamos por uma causa perdida?

Porque damos a vida pelos nossos inimigos?

Será que somos tão loucos quanto pensamos?

Ou será nossa vitória é menos importante?

 

Um guerreiro de verdade nasce para lutar,

Ganhar ou perder não importa,

Pois a causa sempre será mais importante,

E a bandeira que flameja sozinha

Na multidão que caminha ao contrário.

A cobaia que morre em cativeiro

Arrancando espinhos de uma coroa ressecada.

Não é o fruto que importa,

Mas sim as sementes que ele deixa jogadas como lixo,

Que devem germinar em solos ainda férteis,

Daqueles que também morreram em combate.

 

Do outro lado o asfalto ferve,

Em dias de sol onde o pão é ainda mais suado,

Levado nas enchentes que arrastam ilusões.

E assim em um quarto pequeno de uma caixa com andares,

Um trabalhador marginalizado,

Esquece suas frustrações em um copo de coragem líquida,

Trabalhando seu poema distorcido,

Retrato e uma sociedade torta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E antes que meu silêncio fale mais do que eu,

Eu grito!

Sou poeta!

Com letra maiúscula e tudo mais.

Que luta com amor por essa causa perdida,

Enrolado em sua bandeira branca,

Totalmente ensopada de sangue.

Com os pés descalços na beira do asfalto

E tantas dores que na carne se faz,

Esquecendo suas frustrações em copo de coragem líquida,

Trabalhando seu poema distorcido,

Retrato de uma sociedade torta!

 

Eriberto Henrique 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS UOL