Hachikõ: a dog story

25/01/2024 06:33
noticia Hachikõ: a dog story
noticia Hachikõ: a dog story

Hachikô e a sua lealdade para com seu dono

Os cães são conhecidos por sua lealdade e pelo que são capazes de fazer por nós. Você alguma vez já se perguntou de onde vem a lealdade dos cães? Lembre-se que eles descendem dos lobos, por isso quando o cão não é um líder, como no caso dos cães domésticos, estes são submissos e, portanto, leais. Para eles é muito importante pertencer a um grupo, não importa se de pessoas ou animais. Por outro lado, desde que os cães começaram a ser domesticados, eles criaram um vínculo especial com o ser humano que lhes fez entender e amar incondicionalmente a nós.

A lealdade de um cão para com o seu dono foi retratado no filme “Sempre a Seu Lado” (Hachikô: a dog story), de 2009, estrelado por Richard Gere, que é uma refilmagem do original japonês “Hachikô Monogatari”, de 1987. Hachikô é um cão da raça Akita que nasceu no dia 10 de novembro de 1923, em uma pequena fazenda perto da cidade de Ôdate, estado de Akita, no nordeste do Japão. Em 1924, Hidesaburô Ueno, professor da Universidade Imperial de Tokyo, o trouxe para morar no bairro de Shibuya, na capital japonesa, como seu animal de estimação. Hachikô se encontraria com o professor Ueno na estação de Shibuya todos os dias, em sua volta para casa. Esses encontros continuaram até o dia 21 de maio de 1925, quando o professor Ueno sofreu um AVC durante o trabalho e faleceu. Hachikô voltaria todos os dias à estação de Shibuya para esperar o retorno do professor Ueno, até a sua morte em 8 de março de 1934. 

Após o falecimento do professor Ueno, Hachikô foi enviado para viver com parentes de seu dono em Asakusa, na região leste de Tokyo. Mas ele fugiu várias vezes e retornou à casa em Shibuya. Quando um ano se passou e ele ainda não havia se acostumado à sua nova casa, o cão foi entregue aos cuidados do ex-jardineiro do professor Ueno, que o conhecia desde que Hachikô era um filhote. Hachikô também fugiu várias vezes de sua nova moradia. Ao perceber que seu antigo mestre já não morava na casa do bairro de Shibuya, Hachikô ia todos os dias à estação de Shibuya, da mesma forma como fazia e esperava o retorno do professor. Todos os dias ele ia à estação e procurava o professor Ueno entre os passageiros, e saía somente quando as dores da fome o obrigavam. E Hachikô fez isso dia após dia, ano após ano, em meio aos apressados passageiros. Hachikô esperou por quase dez anos o retorno de seu dono e amigo.

A figura permanente do cão à espera de seu amigo atraiu a atenção de alguns transeuntes. Vários deles, frequentadores da estação de Shibuya, já haviam visto o cão e o professor Ueno indo e vindo diariamente, no passado. Percebendo que o cão esperava em vão o retorno de seu mestre, ficaram sensibilizados e passaram, então, a trazer comida para aliviar a sua vigília. Um dia, a sua presença foi notada por um dos alunos do professor Ueno, que seguiu o cão até a residência do jardineiro e conheceu a história de vida de Hachikô. O antigo aluno do professor Ueno retornou frequentemente para visitar o cão e durante alguns anos publicou artigos sobre a marcante lealdade de Hachikô. A história de Hachikô foi enviada ao jornal “Asahi Shimbun”, um dos principais do país, e publicada em setembro de 1932.  Após a publicação no “Asahi Shimbun”, todo o povo japonês soube sobre ele e se tornou uma espécie de celebridade, uma sensação nacional. Sua devoção à memória de seu mestre impressionou o povo japonês e se tornou modelo de dedicação à memória da família. Pais e professores usavam Hachikô como exemplo para educar as crianças. 

Em 21 de abril de 1934, uma estátua de bronze de Hachikô, esculpida pelo renomado artista Ten Ando, foi erguida em frente à estação de Shibuya. A cerimônia de inauguração foi uma grande ocasião, com a participação do neto do professor Ueno e uma grande multidão. No entanto, essa estátua foi derretida para ser reutilizada na fabricação de material para o “esforço de guerra” durante a Segunda Guerra Mundial, em abril de 1944. Em 1948, após o fim do conflito armado, uma réplica foi feita por Takeshi Ando, filho do escultor original e colocada no mesmo local da anterior, em uma cerimônia que ocorreu no dia 15 de agosto. A estátua está, até os dias atuais, em frente à estação de Shibuya e se tornou um ponto de encontro famoso e popular. A entrada da estação próxima à estátua é conhecida como Hachikô-guchi (entrada/saída Hachikô) e que também dá acesso ao maior cruzamento do mundo. A raça Akita tornou-se Patrimônio Nacional do povo japonês, tendo sido proibida a sua exportação. Se algum proprietário não tiver condições de manter seu cão Akita, o Governo Japonês assume a sua guarda. O dia 8 de março de 2015 marcou os oitenta anos do falecimento de Hachikô e, para homenageá-lo, alunos da Universidade de Tokyo fizeram uma estátua representando o reencontro dos dois. A estátua está exposta no campus da Universidade. Os recursos para a produção da estátua foram obtidos através de doações. 

 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS UOL