Museu Bonsai Shunkaen
Shunkaen Bonsai Museum
春花園Bonsai美術館, em português Museu Bonsai Shunkaen, é o jardim e museu de bonsai criado por Kunio Kobayashi. O jardim é destaque absoluto do local. Ao entrar no jardim, a primeira coisa que você notará é o deslumbrante pinheiro de mil anos de idade na frente da casa, a obra-prima da coleção particular de Kunio Kobayashi, avaliado em US$1.000.000,00 (fiquei sabendo disso através de uma reportagem sobre o local). Dentro da casa há uma grande coleção de livros sobre a arte do bonsai, além de vasos e mesas chineses. Kunio Kobayashi iniciou a arte do bonsai em 1976 e inaugurou o museu em 2002. O local é famoso em Tokyo, atraindo cerca de dez mil turistas por ano, e muitas celebridades já passaram pelo local, como o ator Leonardo di Caprio. Para visitar o local o ingresso custa ¥800, e o museu é fechado às segundas-feiras.
Dentro da imensa riqueza e misticismo do Oriente, encontra-se uma arte que só foi conhecida na Europa nos finais do século passado e que, não obstante, ainda hoje é desconhecida por grande maioria das pessoas. A “Arte do Bonsai” tem a sua origem no recôndito passado da humanidade; segundo as antigas tradições, foram os monges budistas chineses que, no século X ou XI, levaram para o Japão o Bonsai como objeto religioso.
Há duas formas de o cultivar. Uma, a preferida no sul, consiste em imitar a natureza. Assim, cultivam unicamente árvores nascidas nas montanhas e conservam-nas mais ou menos com a mesma forma que a natureza lhes deu, mas mantendo-as anãs. No norte prevalece uma ideia diferente, que consiste em obter de maneira artificial formas harmoniosas para estas pequenas árvores. Da China passou para as ilhas japonesas sob estas duas formas, havendo aí especialistas que aprenderam e descobriram a melhor forma de educar ramos e troncos, podar raízes, etc…
A palavra japonesa “Bonsai” é uma derivação de “Pen-Zin”, antiga palavra chinesa que significa “pequena árvore anã”. No entanto, o ideograma japonês que se pronuncia “Bonsai” encerra um conceito bastante mais extenso, que significa: “Árvore ou arbusto mantido anão, para que possa ser admirado como uma benção da natureza”.
Ao plantar o “Bonsai” é necessário escolher com muito cuidado o vaso. As regras que ao longo dos anos se foram estabelecendo sobre os “Bonsai” dizem: “O vaso deve estar em harmonia com a árvore que contém”. Quer dizer, quando se tratar de uma árvore jovem, o vaso pode ser em barro cozido e envernizado; se já tem uma certa idade, é mais indicado um vaso de barro cozido apenas; e se a árvore é já muito velha, é conveniente que o vaso seja o mais antigo e rugoso possível. No vaso fixa-se uma rede de malha estreita nos orifícios e uns pequenos ganchos feitos de arame fino; em seguida cobre-se o fundo do vaso com uma camada de areia grossa. Depois planta-se a arvorezinha, eliminando suavemente a terra que envolve as suas raízes. Esta é uma das operações mais delicadas e é aconselhável fazê-la no período compreendido entre Novembro e Fevereiro, já que é nessa altura que as árvores e arbustos estão geralmente em repouso. É muito importante ter em conta a inclinação com que se deve plantar, a possível educação dos ramos e identificar os que devem ser eliminados, já que é aqui que começa a obra de arte. Uma vez colocada a árvore na posição correta, enche-se o vaso com terra nova, apertando-a com força, para que as raízes e a terra fiquem muito identificados e a árvore bem fixa no vaso. Depois da plantação, deverá regar-se com uma chuva fina e abundante. Em seguida já se podem eliminar os ramos considerados impróprios. É aconselhável deixar a os arvorezinha no exterior, mas à sombra, e protegê-la dos ventos fortes. Mais tarde já se poderá expô-la gradualmente ao sol.
A filosofia tradicional Zen afirma que “todas as verdadeiras obras de arte são escadas para o céu”. “O Bonsai” é uma obra de arte. Se considerarmos as suas origens como místicas ou religiosas, iremos descobrir – como muito bem nos indica a frase Zen – que para além do sentido ornamental que chegou ao Ocidente, há um fundo de comunhão com a Divindade que se encontra em toda a Natureza. Se uma obra de arte é a expressão dos sentimentos mais elevados e depurados, que obra maior do que a que a Natureza nos manifesta em cada uma das suas facetas? Uma “Árvore Bonsai” que cresça durante anos num singelo recipiente, não constitui uma contradição da Natureza: é, pelo contrário, uma tentativa – embora modesta – de retratá-la em miniatura. O “Bonsai” sempre guardou um sentido religioso, embora ainda desconheçamos as causas profundas com que os monges budistas o executavam.
Hoje, perderam-se muitos valores. Trata-se, pois, de recuperar o que ainda é possível ver para além do frio materialismo que, com o seu racionalismo “irracional”, nega o que é verdadeiramente o impulso e motor da nossa existência: a Ideia de Deus. Do “Bonsai” podem-se extrair muitos ensinamentos; no entanto, limitamo-nos a um daqueles que mais necessitamos: a paciência. Esta é uma virtude que nos torna cada dia melhores, porque não esperamos resultados rápidos, mas efêmeros. Se realmente queremos chegar ao Bem Absoluto, devemos trabalhar árdua e pacientemente, tal como se talha a pedra, limando arestas e asperezas; a obra concluída não é cada um dos degraus de escada, mas a própria escada.